Famílias desocupam fazenda em Paranapoema
As 800 famílias do acampamento Quilombo do Palmares, fazenda Santa Trezinha, em Paranapoema, região noroeste do estado, entraram em acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para desocupar a área.
A decisão de sair da fazenda foi tomada hoje à tarde, depois que o superintende do Instituto no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, assumiu o compromisso de encontrar outra área para assentar as famílias em até 90 dias. Os Sem Terra solicitaram três dias para retirar todos os pertences e desocupar a fazenda.
Desde do início da manhã de hoje, cerca de 700 policiais militares estavam em frente ao acampamento, tentando cumprir o mandado de despejo.
Contexto
O acampamento Quilombo dos Palmares foi montado há três anos, quando cerca de 800 famílias ocuparam a fazenda Santa Terezinha, em agosto de 2003. A área tem 570.8 hectares, o espólio é de Mikio Maehara.
No acampamento existia uma Escola Itinerante, em funcionamento há dois anos.Com o despejo, as crianças não terão onde estudar. Cerca de 200 crianças estavam cursando o ensino fundamental (1ª a 4ª série) na escola. A Escola Itinerante é vinculada ao governo do estado, através do programa Educação do Campo.
No acampamento também funcionavam duas turmas de Alfabetização de jovens e adultos (EJA), com cerca de 40 alunos. Além disso, as famílias organizaram uma ciranda infantil (antiga creche) que atendia a mais de 50 crianças por período, recebendo alimentação e atendimento educacional.
As famílias Sem Terra também organizaram um posto de saúde com atendimento voltado para a saúde alternativa, nas áreas de fitoterapia e de bioenergia.
Durante os três anos de acampamento, os trabalhadores as trabalhadoras estavam produzindo alimentos para a subsistência das famílias como melancia, vassoura, abóbora, mandioca e verduras. Em 2004 foram produzidas mais de 70 mil arrobas de algodão, 10 mil sacas de feijão e 5 mil sacas de milho. Os acampados ainda produziam queijos e doces, e criavam gados, porcos e aves.
