Termina o V Encontro de luta contra a Alca

Por Idania Trujillo/ Caminos
Fonte Minga Informativa

Depois de quatro dias de intensos debates, os participantes ao V Encontro Hemisférico de Luta contra o Alca (Área de Livre Comércio as Américas) conheceram o plano de ação e a declaração final do evento, que reuniu em Havana (Cuba) cerca de 400 representantes de diferentes redes e campanhas do continente que se opõem aos tratados de livre comércio e suas conseqüências.

Na sessão de encerramento – vista por jovens de vários países latino-americanos e caribenhos que estudam medicina em Cuba – foi apresentada a agenda de ação da Aliança Social Continental (ASC), um fórum de organizações e movimentos sociais progressistas das Américas, criado para trocar informação, definir estratégias e promover ações conjuntas. Tudo isso com o objetivo de buscar um modelo de desenvolvimento alternativo e democrático, que beneficie os povos da América Latina.

O encontro foi pautado pelas atuais conjunturas políticas e pelas necessidades de se criar estratégias de luta que propiciem a unidade dentro da diversidade. Além disso, facilitou a abertura de espaços para que as redes e campanhas possam reunir-se e desenhar suas próprias estratégias, articulação e construção de alternativas regionais.

Neste mesmo sentido, os representantes de organizações, movimentos, redes e campanhas socializaram suas experiências de maneira que puderam conformar articulações e planos de ações comuns em torno dos temas mais pontuais que integram a agenda dos movimentos sociais na região, com oposição ao livre comércio em todas suas complexas e diversas formas de expressão (Alca, OMC, TLCs, Cafta); acordos biregionais ou bilaterais com a União Européia (EPAS), TLCAN-plus, entre outros; a resistência à ofensiva militarista, a oposição à face financeira da globalização neoliberal e suas instituições financeiras internacionais; a luta contra a OMC e a construção de alternativas a favor da integração de nossos povos, bem como o desafio e a oportunidade de avançar com propostas alternativas derivadas da consolidação do quadro político emoldurado pela chegada ao poder de governos eleitos com propostas políticas contra-hegemónicas, e de iniciativas de integração regional diferentes das do livre comércio.

Entre as organizações presentes no evento destacam-se a CLOC (Coordenadoria Latino-americana das Organizações do Campo), COMPA (Convergência de Movimentos dos Povos das Américas), A CADA (Campanha pela Desmilitarização das Américas), Jubileu Sur, Marcha Mundial das Mulheres, REMTE (Rede Latino-americana de Mulheres Transformando a Economia) e OCLAE. Durante os debates surgiu uma nova, a Rede Mundial de Juristas, nascida com o propósito de orientar legal e juridicamente o confronto social da Alca como projeto de recolonização do continente.

Muitas das ações propostas pelos movimentos sociais presentes no
Encontro, respondem às manobras de Washington, empenhado em fazer valer seus objetivos de dominação mediante os acordos de Livre Comércio. Por isso, convocou-se um boicote aos produtos estadunidenses, para o 1º de maio, para demonstrar o peso dos imigrantes na economia estadunidense e em apoio às recentes manifestações dessa população.

Conferências como do sociólogo belga, François Houtart, e do boliviano Pablo Solón, sobre a luta dos movimentos sociais por um mundo melhor, contribuíram nos debates durante as jornadas do evento.

O economista cubano, Osvaldo Martínez, pelo Comitê Organizador do V Encontro Hemisférico de luta contra o Alca, em suas palavras finais, exaltou os movimentos sociais, redes e campanhas do continente a criticar e opor-se, cada vez com mais intensidade e firmeza, o modelo de dominação capitalista em todas suas facetas e expressões. Do mesmo modo que busca construir alternativas de integração que permitam que o um novo mundo seja possível, através dos esforços e criação coletiva.