No dia do índio, Sepé Tiarajú se torna herói da pátria

Com informações do Cimi

Pela primeira vez um indígena constará no Panteão da Liberdade e da Democracia Tancredo Neves. Sepé Tiarajú, corregedor dos 7 Povos das Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul, estará ao lado de Chico Mendes, Zumbi dos Palmares e Tiradentes, entre outros.

Ontem, na véspera do dia do índio, o senado aprovou o projeto do senador Paulo Paim (PT/RS), que inscreve o nome do guarani Sepé Tiarajú no “Livro dos Heróis da Pátria”. A Câmara dos Deputados ainda precisa aprovar o projeto.

O relatório da senadora Maria do Carmo Alves (PFL/SE) foi aprovado por unanimidade. Na justificativa ela disse que “sem dúvida, o índio Guarani Sepé Tiarajú é um símbolo na luta pela liberdade. Grande líder do seu povo, lutou até a morte para defender o direito de permanecer em sua terra. Sepé Tiarajú é hoje uma lenda para os nossos indígenas, e os de toda a América Latina. Simboliza o ideal de liberdade, de dignidade e de bravura, tão preciosos para os índios e exemplares para todos os cidadãos brasileiros”.

“Sepé Tiarajú representa a luta histórica de um povo que lutou para permanecer no seu chão”, disse Paulo Paim. Muito emocionado, o senador gaúcho, lembrou que a nação indígena solicitou que esse projeto fosse apresentado tanto no Senado como na Câmara. O deputado Marco Maia é o autor da proposição na Câmara.

Mobilizações indígenas continuam

Além das mobilizações nacionais, como o Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília no início do mês, o Abril Indígena tem atividades regionais espalhadas por todo o país. São encontros, debates, visitas a escolas, apresentações culturais, exposições fotográficas e de vídeo, audiências públicas, acampamentos e manifestações.

Em São Paulo, SP, está marcada para domingo, dia 30, uma confraternização das comunidades indígenas que vivem na cidade (Pankararu, Pankararé, Fulni-ô, Atikum, Kariri-Xokó, Potiguara, Terena, Kaingang, Xavante), na favela do Real Parque.

Em Resende, região do vale do Ribeira, estado de São Paulo, as atividades serão realizadas em conjunto com outros movimentos sociais. Nesta cidade do interior paulista, acontecerá um acampamento de cerca de 100 indígenas, com presença também de pescadores, quilombolas e pequenos agricultores que, no sábado, 22, realizam em conjunto uma Assembléia Popular para tratar da luta pela terra na região do Vale do Ribeira.

Em Ananindêua, Pará, entre 19 e 21 de abril, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Comissão Pastoral da Terrra (CPT) organizam o Seminário “ O Agro negócio e o avanço da soja, mineração e pecuária na Amazônia”, no Pio X (Centro de Cultura).

Em Belo Horizonte, apresentações culturais, mostras de fotografia e de vídeo vão até dia 23. Em 19 de abril, haverá uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, marcada para o dia 19 de abril, dia em que se lembra, no Brasil, a resistência dos povos indígenas.

Entre 21 e 23 de abril haverá também atividades na terra indígena Pataxó, na Bahia, onde a comunidade luta pela demarcação de suas terras tradicionais e enfrenta multinacionais como a Veracel Celulose, a comunidade estará aberta para visitas monitoradas, oficinas, apresentações de dança e da culinária indígena.

Em Cuiabá, MT, um evento no SESC Arsenal vai propiciar o encontro de crianças da cidade com informações, músicas, imagens e histórias de temáticas indígenas. Paralelamente, haverá mesas de debate sobre a política indigenista e seus reflexos junto aos povos e comunidades indígenas. Um dos objetivos é colaborar para a desmistificação dos preconceitos em relação aos povos indígenas, através da divulgação de suas formas próprias de organização social e da cosmovisão que orienta sua relação com o mundo (material e imaterial).

Em Tefé, no Amazonas, a UNI-Tefé (União das Nações Indígenas de Tefé), a Associação Cultural dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluente, o Cimi e a Prelazia de Tefé farão palestras nas escolas de ensino médio da região sobre Política Indigenista e sobre a situação dos povos indígenas do médio Solimões e afluentes. No dia 21, acontece o Encontro das Organizações Indígenas do Médio Solimões e Afluentes sobre Política Indigenista e Situação dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes , no Salão Paroquial Pe. Libermann, Tefé.

Em Porto Alegre, serão realizados debates e palestras em escolas e universidades. Em 19 de abril, também será celebrada a Missa da Terra sem Males, como parte das ativodades do ano Sepé Tiaraju, em local a confirmar. Também dia 19 ocorrerão solenidades em homenagem aos Povos Indígenas na Assembléia Legislativa do RS, e a Comissão de Terra Guarani articula reuniões com os povos para refletir sobre a Comissão Nacional de Política Indigenista e sobre a indicação dos representantes das regiões Sul e Sudeste na Comissão.

Em Santa Catarina, os povos Kaingang, Guarani e Xokleng participarão da Marcha dos Movimentos Sociais, de 17 a 20 de abril, com encerramento na Praça XV, em Florianópolis.