II Fórum Social Brasileiro reúne 15 mil pessoas no Recife

Com 360 atividades e 550 entidades participantes, cerca de 15 mil pessoas estiveram presentes, entre os dias 20 e 23, no II Fórum Social Brasileiro, realizado na Universidade Federal de Pernambuco, em Recife. Durante quatro dias as atividades, autogestionadas foram estruturadas para possibilitar o diálogo entre os diversos atores sociais. A estrutura do II FSB ainda garantiu uma grande pluralidade de discussões sobre temas variados. Cada entidade foi responsável pela sua atividade e coube à organização a alocação de horário e local para os debates.

Entre as atividades, o Tribunal dos Povos – julgamento dos crimes de guerra dos Estados Unidos, reuniu diversas nacionalidades no segundo dia do Fórum, como o recém-eleito senador italiano, José Luiz Del Roio. O julgamento foi organizado pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.

As lutas diárias da sociedade civil também foram representadas em discussões como o seminário Feminismo Popular e Anti-Racista – desafios para o movimento de mulheres, organizado pela ONG SOS Corpo, Coletivo Leila Diniz, Criola, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Galedés e a Articulação Nacional de Organizações de Mulheres Negras (ANOMN). O debate enfatizou a necessidade de enfrentar as causas do racismo e da pobreza, trabalhando com ações efetivas a partir de espaços de atuação política de cada militante e de cada grupo de mulheres.

Os dez anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA) foram lembrados durante as atividades do Fórum. A homenagem às 19 vítimas foi feita por trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra com uma marcha fúnebre. O debate também prestou homenagem a Oziel Pereira, que na época tinha 17 anos e foi algemado e morto com um tiro na cabeça.

Outra questão que ganhou espaço durante o Fórum foi a comunicação. O coletivo Intervozes, junto com o Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom) e a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) realizaram no terceiro dia de Fórum, uma discussão ampliada sobre a implantação da TV Digital no Brasil, incluindo as questões técnicas e o modelo proposto pelo governo federal. A Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, que envolve todas essas organizações, aproveitou o momento para lançar uma moção de repúdio a escolha do modelo japonês, considerada precipitada e não democrática.

As ações culturais e artísticas, compreendidas como parte importante do processo histórico de transformação social e política, tiveram amplo espaço. Mais de 25 grupos artísticos construíram uma agenda de shows, performances e atividades culturais que aconteceram no Campus da UFPE e no Pátio de São Pedro, centro do Recife.

Para o comitê organizador, o êxito da segunda edição do Fórum Social Brasileiro veio da força da sociedade civil e da capacidade de organização e diálogo entre os diversos sujeitos políticos na construção de alianças e formulação de alternativas para um outro Brasil possível e necessário.