Mulheres Sem Terra repudiam denúncias em acampamento no RS

Uma comitiva de aproximadamente 100 mulheres Sem Terra acampadas em Coqueiros do Sul vai à Promotoria de Justiça de Carazinho na manhã desta terça exigir a apuração sobre as origens das denúncias de um ex-acampado veiculadas pela imprensa nas últimas semanas. As mulheres também vão entregar um abaixo assinado repudiando as denúncias e pedindo providências da Justiça.

“São denúncias que atentam violentamente contra a nossa moral e a inocência de nossos filhos e filhas. Acreditamos que tenham sido arquitetadas por terceiros e que o ex- acampado esteja sendo manipulado, para que as faça a fim de desmoralizar a nós mulheres e à nossa causa”, afirmam as mulheres no abaixo-assinado que será entregue.

No dia 14 de abril, um ex-acampado, que foi expulso do acampamento por problemas de alcoolismo e de comportamento, além de agredir a família, fez denúncias não comprovadas contra as famílias Sem Terra que estão em Coqueiros do Sul. As denúncias foram amplamente divulgadas principalmente pelo grupo de comunicação RBS e reproduzidas nacionalmente pela Rede Globo, sem que fossem comprovadas. “De tanto ouvir a repetição destes fatos, mesmo sem nos conhecerem, as pessoas passam a acreditar que são verdadeiros”, dizem as mulheres na denúncia que será encaminhada à Promotoria.

Além disso, as mulheres vão entregar denúncia de violação aos direitos humanos cometidos pela Brigada Militar na ação de desocupação da fazenda Guerra, no dia 11 de março e nos dias seguintes. Como prova material entregam cópia de uma filmagem feita por acampados, mostrando a queima de alimentos, a noite de tortura em que as famílias foram submetidas a intensos barulhos. Denúncia semelhante já foi protocolada na Promotoria de Justiça do Estado há mais de um mês pela Comissão Pastoral da Terra mas ainda não teve resultado.