Condenado mais um participante do assassinado de Dorothy Stang

Por Mariana Martins / Terra de Direitos

Amair Feijoli da Cunha, mais conhecido como Tato, acusado de ter intermediado a relação entre os mandantes e os executores do assassinato da missionária Dorothy Stang, foi julgado e condenado ontem a 18 anos de prisão. A pena de Tato foi reduzida de 27 para 18 anos por ter sido reconhecida a delação premiada já que ele confessou a participação e denunciou os mandantes do crime.

Este é o terceiro julgamento do caso, que aconteceu em Anapu (PA) em 12 de fevereiro de 2005. Em dezembro do ano passado, os dois executores do crime, Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista, foram julgados e condenados a 27 e 17 anos de prisão, respectivamente.

Em depoimento apresentado no julgamento, Tato disse ter perguntado a Rayfran das Neves se ele teria coragem de matar a missionária estadunidense. “Você tem coragem de matar Dorothy? Porque se tiver, o Bida tem 50 mil reais”, expôs. Ainda no mesmo depoimento, Tato acrescenta que esse dinheiro seria pago por Bida e por Taradão, dois fazendeiros da região. Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, são acusados de serem os mandantes do crime e estão presos no Pará. Eles aguardam o resultado de recursos feitos por sua defesa para irem a julgamento.

Ainda de acordo com o depoimento apresentado, Tato relata uma conversa entre ele, Regivaldo e Vitalmiro. Regivaldo teria dito que “enquanto a gente não der fim nesta mulher, não teremos paz nas terras de Anapu”. Outro fato revelado foi que uma semana antes do assassinato da missionária, o pistoleiro Saintclair havia sido contratado para matar a Dorathy em Anapu, mas o plano falhou porque a irmã estava viajando naquela semana.

Ironicamente, a viagem foi para denunciar às autoridades nacionais ameaças e violências que ela e outros trabalhadores da região estavam sofrendo.

A família da missionária, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e as organizações de Direitos Humanos que acompanham o caso fazem apelos e manifestações para que os recursos apresentados pela defesa dos réus sejam julgados imediatamente.

De acordo com Luciana Pivato, advogada da Terra de Direitos que acompanha o caso, o presidente do Tribunal de Justiça do Pará comunicou à família Stang que já foi convocada uma sessão extraordinária do tribunal, que acontece na próxima sexta-feira, para julgar os recursos relacionados à defesa de Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão.

Outra pauta de reivindicação é que o ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, não conceda o habeas corpus solicitado pela defesa de Taradão. A motivação destas reivindicações é que os réus continuem presos até os seus julgamentos. A defesa dos fazendeiros está sendo acusada pela família e pelas organizações promover a morosidade no julgamento.