MST reocupa fazenda da Aracruz Celulose no ES

Na madrugada de ontem, cerca de 200 famílias Sem Terra do Espírito Santos reocuparam a Fazenda Agril, atualmente em posse da empresa Aracruz Celulose. A área em questão, localizada em Vila do Riacho, município de Aracruz, possui 8.900 hectares. Desse total, cinco mil são terras devolutas, que deveriam ser destinadas à Reforma Agrária.

A fazenda foi ocupada pela primeira vez em 27 de setembro de 2005. Depois de um mês, o MST decidiu atender a uma reintegração de posse com a promessa de que a vistoria, que incluiria um levantamento do total das terras devolutas da área, aconteceria em um prazo de 30 dias. Após seis meses da saída dos Sem Terra da Fazenda Agril, os órgãos competentes do estado não fizeram o levantamento da área, conforme compromisso do governo e do secretário de Agricultura em audiência com o MST em março deste ano.

Segundo Edivaldo Bento, integrante da coordenação estadual do Movimento, essa não é a primeira ação realizada para reivindicar assentamento das famílias. “Em março ocupamos Fazenda Barra do Cristalino, terra devoluta no município de Nova Venécia, e a própria Secretaria de Agricultura do estado para pressionar o governo”, afirmou. Além disso, os Sem Terra também exigem melhorias na infra-estrutura básica dos assentamentos e criação de um departamento específico para Reforma Agrária na Seag.

Pela fazenda ocupada nesta madrugada corre um canal interligando o rio Doce à bacia do rio Riacho, compondo o complexo hidráulico da Aracruz Celulose. O desvio no rio Doce propicia o abastecimento de água para a fábrica de celulose e prejudica o equilíbrio ambiental da região. “O agronegócio, representado pela Aracruz Celulose, é o grande inimigo da Reforma Agrária porque impede a descentralização das terras”, explica Ednalva Moreira Gomes, integrante da direção nacional do MST. Dos 8.900 hectares da Fazenda Agril, a Aracruz tem apenas 1.300 ha de área com escritura.

“As terras da Fazenda Agril poderiam ser vistoriadas e desapropriadas”, completa Ednalva. “Entretanto, existe o apoio do governo do estado à empresa monocultora de eucalipto. Desse modo, nada é feito”, afirma. No último encontro com o então secretário de Agricultura, Ricardo Ferraço, ele se comprometeu a marcar uma audiência com o governador do estado, Paulo Hartung, para iniciar a estruturação dos órgãos estatais competentes para o levantamento de dados sobre as áreas devolutas do ES. Entretanto, a audiência foi adiada mais uma vez pelo governador.

Enquanto um novo pedido de audiência é encaminhado, as famílias seguem montando seus barracos no acampamento da Fazenda Agril.