Para MPA, medidas do Banco Central não beneficiam a agricultura familiar

Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque

O Banco Central emitiu, na semana passada, três resoluções que oficializam medidas de apoio propostas pelo Ministério da Agricultura aos produtores rurais em geral. Os documentos determinam o alongamento, em 12 meses, da prorrogação de parcelas vencidas e a vencer neste ano.

Para os agricultores que têm sua renda principal baseada no algodão, arroz, milho, soja, sorgo ou trigo, com dificuldade de venda em função de preços, a concessão do novo prazo será automática, dispensando o exame caso a caso. No entanto, não será permitida a prorrogação de agricultores que plantem essencialmente café, cana-de-açúcar ou fumo.

Outra questão polêmica divulgada pelo Banco Central é a resolução 3362, que eleva os créditos à comercialização. Produtos como o milho, sorgo, trigo e soja tiveram seus valores de empréstimo para venda quase que dobrados. No entanto, a medida não mudou em nada o limite mínimo de crédito, o que seria positivo para o pequeno produtor.

Na avaliação de Aurio Scherer, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores, as medidas não beneficiam a agricultura familiar. “A nossa preocupação é que elas não atendem às nossas necessidades. Elas são extremamente excludentes, no sentido de que ignora várias culturas, como o leite e o fumo. Além disso, também não estão inclusas nas medidas o custeio das safras 2005/2006”, analisa.

No início de abril, o MPA realizou inúmeros protestos em todo país para chamar a atenção dos governos federal e estaduais à situação de endividamento da agricultura familiar. Entre as reivindicações feitas pela organização, estavam a renegociação das dívidas, melhoria dos preços de comercialização, aumento de créditos e políticas específicas para o setor do leite e para a mecanização da pequena propriedade. Até o momento, nenhuma medida, além das divulgadas pelo Banco Central, foram tomadas.