Eucaliptos: as árvores da sede

Por Christiane Campos e Raquel Casiraghi
Fonte Jornal Brasil de Fato

A água é a questão que mais preocupa pesquisadores e ambientalistas em relação à monocultura de eucalipto no Rio Grande do Sul. Ludwig Buckup, professor de Zoologia da Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS) explica que, por não perder folhas, a árvore absorve muita água do solo a fim de se manter viva.

De acordo com o pesquisador, um pé de eucalipto de 15 metros de altura é capaz de absorver cerca de 3,6 mil litros de água no ano. Três vezes do que a média de chuva no Pampa gaúcho.

Na avaliação de Buckup, a monocultura de eucalipto representa um perigo, pois a árvore, na busca pela água, ressecará rios e lençóis freáticos do subsolo do Pampa.

Tais números se tornam ainda mais alarmantes quando se analisa as características do bioma. Buckup explica que as plantas nativas, em virtude da pouca quantidade de chuva que cai na região, sobrevivem por terem raízes superficiais.

Roberto Verdum, da UFRGS, estudou bacias hidrográficas da região dos areais do Rio Grande do Sul e constatou que naquela área há muita água subterrânea que impede o ressecamento dos rios, mesmo nos períodos de pouca chuva. Segundo o professor, a água subterrânea daquela região é da mais alta qualidade. Ao exportar madeira ou celulose, junto exportamos água, que é uma das riquezas naturais mais disputadas atualmente no mundo.