Após ameaça do latifúndio, CPT continua os trabalhos em Xinguara (PA)

Por Clara Meireles
Fonte Agência Notícias do Planalto

Após ter sido ameaçada pelo Sindicato Rural de Xinguara (PA), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) continua o trabalho de luta pela terra na região. Representante dos latifundiários da região, o sindicato acusou a CPT de ser radical e responsabilizou a entidade por futuros “confrontos de dimensões desagradáveis” que poderiam acontecer, caso não houvesse mudança de postura. A ameaça veio por meio de carta no dia 26 de abril.

Apesar do respaldo da sociedade e da firmeza com que pretende continuar os trabalhos, a CPT acredita que os sindicatos de fazendeiros do Pará estão articulados com representantes da bancada ruralista – União Democrática Ruralista (UDR).

O Frei Henri des Roziers, que trabalha com a questão agrária na região há mais de 25 anos, foi citado na carta como um dos responsáveis pelas ações da comissão. Segundo o religioso, os fazendeiros fizeram recentemente uma reunião pra discutir estratégias.

”Essa reunião claramente demonstra articulação deles e seus elementos perigosos para elaborar estratégia deles contra a ocupação do MST e também contra nós da CPT”.

O MST ocupou um pequeno trecho da fazenda Rio Vermelho (PA), em março, o que teria intensificado os conflitos com os latifundiários. A família Quagliato, cujos membros são conhecidos como “reis do gado” devido ao tamanho do rebanho, reivindicam a propriedade da área. De acordo com o Frei Henri, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) conseguiu provar que a família havia se apropriado indevidamente de milhares de hectares de terras da União em Xinguara.