Fábrica ocupada sofre tentativa de reintegração

Com informações do Movimento das Fábricas Ocupadas

Recuperada pelos trabalhadores e trabalhadoras desde abril de 2004, a fábrica paranaense Coooperbotões (antiga Diamantina Fossanesse) sofreu uma tentativa de reintegração de posse.

No último sábado (13/05), acompanhada por policiais e dois caminhões, a oficial de justiça Glacir Mello compareceu à fábrica para cumprir a liminar da 16ª Vara Cível. Como a liminar permitia lacrar a fábrica, mas não retirar qualquer objeto diálogo, um diálogo entre a advogada da empresa, os diretores e a oficial garantiu que as máquinas e equipamentos fossem devolvidas. A cooperativa se comprometeu a negociar com o proprietário do barracão, autor do pedido, uma forma de compra, o que deve permitir a continuidade das atividades.

No final de semana, trabalhadores e trabalhadoras fizeram plantão dia e noite. Segundo Carlos Fontana, atual presidente da cooperativa, as dificuldades já foram maiores e hoje a empresa está crescendo. “Somos uma nova empresa, uma cooperativa auto-gestionada. São os empregados que dirigem a empresa, temos uma diretoria escolhida pelos funcionários e todos aqui hoje vieram do chão de fábrica. Queremos continuar trabalhando e produzindo”, disse .

Histórico da ocupação

O cobrador do ônibus que leva até a Diamantina conhece a história recente da fábrica e explica que “tudo o que eles produzem agora é deles”. A possibilidade da autogestão brilha no sorriso do cobrador: “O pessoal lá está animado”.

Alguns minutos de conversa com Julia, funcionária da Diamantina há 21 anos, são suficientes para perceber essa animação, que vence o enorme cansaço de acumular agora a função de diretora financeira e ajudar a organizar o novo modelo de gestão da fábrica, com todos os processos legais da transição e os problemas herdados.

Segundo uma liminar do Ministério Público, o problema para os trabalhadores vinha se acumulando. “Em síntese, que vem sendo constantemente instado a investigar lesões praticadas contra os direitos dos trabalhadores da Diamantina, tais como: falta de registro em CTPS, de recolhimento do FGTS, coação de empregados, problemas relacionados ao meio-ambiente de trabalho, atraso (salário), falta de pagamento de verbas rescisórias, ‘demissão verbal’, concessão de ‘férias coletivas verbais”, diz o texto do MP.

Havia uma proposta dos trabalhadores para que a empresa, administrada por Filipe dos Santos Casseb, pagasse parte dos salários atrasados. Mas o proprietário rejeitou a idéia e “concedeu” férias coletivas para todos. Em uma assembléia no mesmo dia os funcionários decidiram ocupar a fábrica.

Casseb entrou com um mandato de reintegração de posse e compareceu à fábrica com um oficial de justiça e vários seguranças armados.

Uma liminar da 2ª Vara do Ministério do Trabalho, concedida pela juíza Dra. Graziela Carola Orgis, destitui os dirigentes e nomeou como gestores os próprios trabalhadores. Um Conselho Gestor foi eleito com 9 pessoas, representantes de todos os setores da empresa.