Relações de gênero e sementes são tema da Jornada de Agroecologia

Fonte Boletim da Jornada de Agroecologia

A questão de gênero e as sementes foram os temas das palestras de abertura do terceiro dia da 5º Jornada de Agroecologia “Construindo o projeto Popular e Soberania para a Agricultura”, que começou na quarta-feira (07/06) e foi encerrada no sábado (10/06) no Centro de Eventos de Cascavel, no Paraná.

Para a pastora metodista e coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Nancy Cardoso Pereira, que ministrou a palestra “relação de gênero na construção do projeto popular”, a mesma relação mantida com as mulheres na sociedade é a relação que o homem tem com a mulher.

Nancy fez um comparativo entre a agressão feita contra a terra no modelo de agricultura mecanizada com a mulher na sociedade patriarcal e capitalista vigente. “O homem trata a terra com força, faz ela produzir o máximo, não respeita suas necessidades, o mesmo acontece com a mulher não respeitada em sua sexualidade, forçada a produzir e a se reproduzir sem que se observe sua vontade”, explica. Nancy completa que essa relação de poder patriarcal é reproduzida em todos os espectros da sociedade como o policial, que utiliza a força, na posse dos bens e do dinheiro. “Fazer agroecologia significa realmente mudar o modelo tecnológico da agricultura e mudar a relação que o homem tem com a natureza, e essa mudança também deve passar pela igualdade da mulher na sociedade”, finaliza.

Na última palestra da manhã, o professor da Escola Latino Americana de Agroecologia, José Maria Tardin explicou a relação das sementes com a conservação da cultura e da autonomia dos camponeses. “A técnica da germinação das sementes foi aprimorada durante séculos por mulheres e passadas aos agricultores, o resgate das sementes crioulas e não-transgênica é uma forma de não permitir que este bem da humanidade seja comercializado” explica Tardin.