Vazamento de hidrelétrica coloca população em risco

O aumento do vazamento ontem na Usina Hidrelétrica de Campos Novos, construída na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é motivo de preocupação para a população local.

Segundo nota do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragem), o vazamento, que existe desde dezembro do ano passado, causou uma baixa de 50 metros no nível de água do lago da hidrelétrica. “Toda a população da região está apavorada e muito preocupada”. Caso seja comprovada uma ruptura na barragem, é possível que aconteçam escorregamentos de terra nas bordas do reservatório. Isso ocorre porque o solo não consegue absorver toda a água que sai do lago, ficando saturado. Além disso, as populações ribeirinhas que moram depois da barragem podem ter suas casas e plantações alagadas por uma possível cheia no rio Canoas.

Há dez dias o movimento encaminhou uma carta ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), ao Ministério de Minas e Energias e ao BID (Banco Interamericano de desenvolvimento), que financiou a obra, alertando sobre a situação da usina e suas possíveis conseqüências. A Fatma (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina) também recebeu o documento. Até agora, nenhuma resposta foi dada.

Desde a sua construção, a hidrelétrica tem sido denunciada por irregularidades, como funcionar sem licença ambiental, e violações dos direitos humanos. Em março desse ano, a barragem recebeu a visita de Hina Jilani, relatora especial da ONU (Organização das Nações Unidas), para investigar as denúncias de prisões arbitrárias de dez integrantes do MAB na região. Além disso, 325 famílias foram reconhecidas como atingidas pela Fatma, mas ainda não foram indenizadas pelo consórcio empresarial Campos Novos Energia S.A., proprietário da usina e formado pelas empresas Camargo Corrêa, Companhia Brasileira de Alumínio, Votorantim Cimentos e Banco Bradesco.