“Fórum de Resistência ao Agronegócio é o primeiro passo”, dizem organizações

Conseguir apontar meios de resistir ao agronegócio em meio a enorme diversidade que compõe os movimentos sociais latino-americanos. Esta foi uma das principais conquistas do Fórum Social de Resistência ao Agronegócio, que terminou neste domingo (25), em Buenos Aires, na Argentina.

Cerca de 200 pessoas ligadas a organizações camponesas e ambientalistas da Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, Bolívia, Equador e Peru discutiram, durante três dias entre 23 e 25 de junho,, as características do agronegócio nos países latino-americanos, indicando formas de como fazer frente ao avanço devastador deste modelo produtivo.

Maria Rita Reis, integrante da ONG brasileira Terra de Direitos, uma das organizadoras do Fórum, acredita que este foi o primeiro passo dado em busca de uma integração de resistência ao modelo. Para ela, o fato do encontro ter sido propositivo, indicando ações e não as determinando, reflete a maneira de como os povos estão articulados atualmente.

“A gente fala que a América Latina é muito diversa, mas somente vemos que há grandes diferenças na prática. A construção de uma estratégia regional alternativo ao agronegócio depende de entender e respeitar as diferenças entre os povos e, ainda assim, conseguir uni-los. O que não e nada fácil”, argumenta.

A advogada analisa que as diversas formas de como a sociedade se organiza traz, ao mesmo tempo, pluralidade e dificuldades. “A maior parte da resistência da sociedade civil da América Latina é estruturada em sindicatos, partidos e organizações não-governamentais. Todas com dinâmicas diferentes dos movimentos sociais, que são fortes em alguns países e nem tanto em outros”, relata.

Na primeira edição do Fórum Social de Resistência ao Agronegócio, os participantes se comprometeram em dar continuidade aos encontros, transformando em um espaço de articulação. Ficou encaminhado que cada país deve criar uma coordenação local para fortalecer as discussões sobre o assunto e criar redes de organizações, a fim de trazer propostas concretas para um próximo encontro em 2007. Também foi constatada a necessidade de formular material de formação sobre a problemática.

Indicações que Javiera Rulli, do Grupo de Reflexão Rural GRR da Argentina considera positivo, mas insuficiente. “Para o camponês, debater o agronegócio e importante, pois o problema sai da teoria e mostra como se desenvolve na pratica, no seu cotidiano. No entanto, precisamos avançar para realmente conseguirmos criar alternativas”, defende.

Maria Rita acredita que a forma globalizada de como o agronegócio se estrutura e se desenvolve nos países latino-americanos faz com que os povos enxerguem a importância de se unirem para resistir. “Não quero combater o latifúndio no Brasil, por exemplo, para que ele domine outros paises. Quero que ele não seja visto como forma de desenvolvimento para nenhum país latino americano”, defende.