Crianças são testadas com arroz transgênico ilegal

O Peru está cada vez mais próximo de liberar a produção e o consumo de organismos geneticamente modificados. A Lei de Promoção da Biossegurança tem como objetivo regulamentar a entrada dos transgênicos na agricultura, pesca, mineração, florestas e criação gado.

O país possui uma das maiores biodiversidades no mundo, conhecido por ser o centro de origem da batata, do tomate e do algodão colorido. Tem vários tipos de milho e outros cultivos que são a base da sobrevivência das populações locais, em grande parte formadas por indígenas.

Para os movimentos sociais peruanos, esse cenário está ameaçado com o ingresso dos transgênicos, que podem alterar profundamente a dinâmica social das comunidades rurais com sua política de royaties (taxas pagas para as empresas por utilizar suas sementes), uso de agrotóxicos, entre outros.

Além disso, os movimentos apontam para a possibilidade do Peru se tornar um campo de experimentos genéticos. Recentemente, a Associação Médica do Peru denunciou que a empresa farmacêutica estadunidense Ventria Bioscience testou uma variedade de arroz transgênicos em crianças em fase de amamentação.

O arroz contém proteínas humanas e, se aprovado, será utilizado para tratar a diarréia aguda. Para o porta-voz da Associação Médica, Herbert Cuba García, o experimento é ilegal porque os organismos geneticamente modificados não foram aprovados ainda.

A ministra da Saúde, Pilar Mazzeti, já solicitou “tanto ao diretor do hospital quanto ao Instituto Nacional de Saúde e a uma série de organismos envolvidos, que nos informem a respeito para ver se cumpriram todo o necessário quanto à possibilidade de fazer experimentos, em especial com crianças”.

A pesquisa foi feita com crianças entre 3 a 36 meses, internados no Instituto Especializado de Saúde da Criança e no Instituto de Investigação Nutricional em Lima, capital do país.

Cerca de 140 crianças foram estudadas, selecionadas por sorteio. A informação só chegou ao conhecimento dos peruanos porque um estudo foi apresentado em um congresso de pediatras em São Francisco, Estados Unidos.