Entidade quer que processo sobre morte de sindicalista por policias seja transferido

Por Clara Meireles
Fonte Agência Notícias do Planalto

A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e a Federação Democrática dos Sapateiros do estado organizaram na terça-feira (11) uma reunião pública sobre a morte do sindicalista Jair da Costa, assassinado por policiais militares gaúchos em setembro de 2005. O caso foi relatado à Organização das Nações Unidas (ONU) por intermédio da organização não-governamental (ONG) Justiça Global como um dos mais sérios em termos de violação dos direitos humanos ocorridos no país. Sandra Carvalho, que é pesquisadora da ONG, participou da reunião em Sarapinga (RS) e elabora um novo informe que será entregue à ONU sobre o atual estágio das investigações do assassinato de Costa.

A cidade de Sapiranga, que concentra as investigações do caso, tem sido palco de intimidação das testemunhas da morte de Jair da Costa. Por isso, um dos pontos da reunião foi a transferência do caso para a Justiça de Porto Alegre, capital gaúcha.

“Os órgãos de imprensa da cidade [Sapiranga] estão trabalhando pela desqualificação moral dos sindicalistas e intimidando os trabalhadores. Por outro lado, a mídia local tem exaltado muito os policiais envolvidos no homicídio de Jair [da Costa]. Então, a gente entende que vai haver necessidade de transferência desse júri para que ele aconteça de uma forma mais isenta”.

Segundo denúncia do Ministério Público, os acusados pelo crime respondem por homicídio qualificado com emprego de tortura e asfixia, já que o sindicalista morreu depois de ter sido estrangulado, algemado, com um cassetete pressionado no pescoço durante manifestação de sapateiros na cidade. De acordo com Sandra, 12 policiais estão claramente envolvidos no assassino do sindicalista. No entanto, apenas seis deles foram indiciados. Todos eles aguardam em liberdade pelo julgamento.