Julgamento de pistoleiro é adiado para setembro

O júri popular do pistoleiro José Luis Carneiro, que estava marcado hoje (10/8), em Loanda, foi cancelado por causa da renúncia do advogado de defesa do acusado, Fernando Esmaniotto Marini. O próximo júri foi remarcado para o dia 21 de setembro.

Carneiro é acusado de matar o Sem Terra Sebastião da Maia, em 21 de novembro de 2000, no município de Querência do Norte, região noroeste do Paraná. Depois de seis anos, o pistoleiro seria julgado nesta quinta-feira. O crime aconteceu numa emboscada, próxima à Fazenda Água da Prata, em Querência do Norte, que havia sido despejada pela polícia militar em novembro.

Contexto

Os trabalhadores transitavam por uma estrada rural quando foram atacados por pistoleiros que agiam na região. Na emboscada o lavrador Sebastião da Maia foi morto com vários tiros, sendo atingido na cabeça. Outro trabalhador também ficou ferido.

Em 1999, Tiãozinho da Maia, como era conhecido, e sua família foram despejados da Fazenda Rio Novo, também no município de Querência do Norte, ocasião em que sua mulher Adelina Ventura foi torturada pela Polícia Militar, conforme depoimento prestado em audiên cia com o Secretário Nacional de Direitos Humanos, José Gregori, em Curitiba.

Adelina relatou: “Nós tava dormindo neste horário, quando eles chegaram gritando muito alto: ‘Polícia, polícia. Sai todo mundo com as mãos para cima!… E cadê teu marido? Cadê teu marido? … Quem é a mulher do Tiãozinho, aqui? O teu marido é um dos líder do movimento, nois qué ele”.

O militante do MST foi a 16ª vítima dos conflitos do campo que tomaram conta do Paraná durante o governo de Jaime Lerner. O assassinato de Sebastião da Maia não é um caso isolado. Entre 1996 e 2002, foram assassinados no Paraná 14 trabalhadores do MST, sendo quatro na região Noroeste.

De 1985 a 2005 ocorreram no Paraná 45 assassinatos de trabalhadores. No mesmo período, no Brasil foram assassinadas 1.425 pessoas, entre trabalhadores, lideranças sindicais ou de movimentos e agentes de pastoral. Destes crimes somente 78 foram julgados, e apenas 67 executores e 15 mandantes condenados.