América Latina: o novo depósito de arroz transgênico

Há alguns dias estourou mais um grande escândalo de contaminação genética. Dessa vez, se trata do arroz de origem estadunidense que foi contaminado com uma variedade transgênica proibida nos Estados Unidos.

A contaminação foi encontrada em no estado de Arkansas, nos Estados Unidos, onde se produz e comercializa um terço do arroz do país. A empresa Riceland, maior produtora e comercializadora de arroz no mundo, fez avaliações genéticas em maio e encontrou um nível significativo de contaminação.

O arroz transgênico que gerou o problema foi desenvolvido pela empresa alemã Bayer CropSciense e manipulado para ser resistente a herbicidas. A contaminação foi detectada no mês de janeiro desse ano, mas é possível que ela já existisse antes. A empresa notificou de maneira oficial o governo dos Estados Unidos em julho de 2006. A presidência do país demorou 18 dias para informar os importadores.

Como conseqüência, a União Européia e o Japão decidiram suspender as importações de arroz procedentes do país. Com o bloqueio, a cartga veio parar na América Latina. Richard Bell, secretário de Agricultura do estado de Arkansas, reconheceu que os países latinos nãoquestionaram a importação de arroz proveniente dos Estados Unidos, apesar dele estar contaminado com grãos transgênicos.

“Eu não conheço nenhuma objeção feita pelo México ou Haiti, que são importantes importadores de arroz. Também não conheço nenhuma queixa da América Central”, disse em entrevista concedida a Farm Press. Ele acrescentou ainda que todas as variedades de arroz já estão contaminadas. O México é o principal importador de arroz estadunidense: são cerca de 750 mil toneladas por ano. Devido aos altos subsídios agrícolas, o arroz estadunidense é mais barato.

Em março desse ano, os países latino-americanos estiveram reunidos em Curitiba (PR) no Protocolo de Cartagena, para discutir a regulamentação e fiscalização de transgênicos. Muitos, incluise o México, se opuseram a identificação obrigatória de cargas que contenham organismos geneticamente modificados.