Voisin é alternativa na produção do leite familiar

Por Raquel Casiraghi
Fonte Agência Chasque

Maior rendimento do rebanho, produzindo leite a baixo custo e sem utilizar insumos químicos. Estes são os benefícios do pastoreio rotativo Voisin, técnica que vem sendo largamente utilizada por agricultores familiares de diversas regiões do Rio Grande do Sul. Somente o projeto Leite Sul, de movimentos sociais gaúchos, conta atualmente com mais de 400 trabalhos implantados no etado, envolvendo assim mais de mil famílias gaúchas. A idéia é alcançar 600 unidades até o final do ano.

Iniciado em 2002, o projeto surgiu como uma alternativa aos produtores gaúchos de conseguirem se adequar às regras da Instrução Normativa 51, do governo federal, que estabelece regras rígidas para a produção de leite. Normas que, de acordo com Leandro Noronha, integrante do Movimento dos Pequenos Agricultores, acabam funcionando como mais um instrumento de exclusão dos agricultores familiares.

“A idéia do voisin surgiu da nossa luta, dizendo que queríamos continuar produzindo leite, afirmando que precisamos de um sistema de resfriamento de baixo custo. Além disso, o custo do leite no modelo convencional, ficando em torno de R$ 0,32 e às vezes, chegando a R$ 0,40. O que é muito alto, tendo em vista que o preço está em 15 centavos de dólar [cerca de R$ 0,30]”, argumenta.

Leandro destaca que a técnica Voisin, além de contribuir para a inserção do agricultor às normas, diminui os gastos da pequena propriedade e não agride o meio ambiente. Diferentemente do método convencional, que utiliza insumos químicos e deixa o gado em regime semi-confinado, o Voisin permite que o animal fique livre, consumindo apenas pasto. Para o agrônomo, a questão da produtividade está ligada ao manejo do gado.

“O pasto deve descansar para acumular reserva na raiz para brotar rapidamente, o que pode levar de um mês a 60 dias, dependendo do local. Logo após ser pastado, não pode ser utilizado daqui há a dois, já que rebrota em 24 horas. Daí, o animal deve ser trocado de potreiro. O animal de maior exigência, como o gado de corte, deve comer o pasto primeiramente. Cumprindo estas leis, a produção já aumenta 30% nos primeiros anos, podendo dobrar e até mesmo triplicar”, afirma.

O projeto Leite Sul também engloba a formação técnica de agricultores a fim de prestar assessoria a outros produtores. Nesse sentido, mais de 40 filhos de agricultores familiares já receberam capacitação e hoje trabalham nas unidades do interior do esado.