MST denuncia intolerância e truculência de Lupion

O MST respondeu por meio de nota aos ataques do deputado federal Abelardo Lupion, que afirmou que tem a tarefa de “destruir” o Movimento caso seja reeleito. Foi uma reação ao acampamento montato pela Via Campesina em frente da Fazenda Santa Rita, em Santo Antônio da Patina, para denunciar a corrupção do agronegócio.

Cerca de 300 lavradores denunciam que Lupion ganhou essa fazenda da Monsanto em troca de apoio no Congresso Nacional para a autorização do uso do glifosato como herbicida pós-emergente na cultura da soja geneticamente modificada (safra 2004/2005). Por isso, ele recebe acusações de improbidade administrativa por obter vantagem patrimonial em troca da defesa dos interesses das empresas Nortox e Monsanto.

Também há um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) que apura irregularidades do parlamentar na campanha de 1998 por causa de “movimentação ilícita” de um caixa 2 no valor de R$ 4,1 milhões. Os integrantes da Via Campesina acampados em frente à fazenda reivindicam que Abelardo Lupion seja cassado pelos crimes cometidos contra o patrimônio público, o povo brasileiro e a soberania nacional.

Leia abaixo nota do MST em resposta aos ataques de Aberlardo Lupion, publicada hoje em O Estado de S. Paulo, no Fórum dos Leitores.

NOTA

Intolerância e truculência

O deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR) demonstra, mais uma vez, sua intolerância e truculência contra os trabalhadores sem-terra, em particular, e o povo brasileiro, em geral, quando admite que fará o ‘impossível’ para destruir o MST. A proposta de acabar com o movimento mostra que o projeto do parlamentar, da bancada ruralista e de parte das classes dominantes para o País é o extermínio de todos os que enfrentam o poder do latifúndio e do agronegócio.

O MST é uma organização legítima de pobres do campo na luta por um processo amplo de reforma agrária e por transformações na estrutura da sociedade para garantir ao povo os direitos sociais previstos na Constituição, como educação, saúde, terra e trabalho.

A intolerância do deputado Lupion legitima a violência que, nos últimos dez anos, resultou no assassinato de mais de 400 trabalhadores rurais e causou cerca de 12 mil conflitos, relacionados inclusive a trabalho escravo e desrespeito às leis trabalhistas pelos ruralistas.

Diferentemente do deputado, o MST deposita suas esperanças na luta do povo brasileiro e fará o impossível para que o País construa um projeto de desenvolvimento nacional com base numa nova política econômica e na distribuição de renda, riqueza, poder e terra.

Para isso os sem-terra vão continuar a luta contra o latifúndio, a monocultura para exportação e as transnacionais da agricultura, que não representam uma solução para os pobres do País, e contra os políticos que atentam contra o patrimônio público, o povo e a soberania nacional. A sociedade precisa criar condições para o atendimento das necessidades sociais, econômicas e políticas da maioria da população, o que não vai acontecer pela eliminação dos pobres do campo, como pretende Lupion.

Assessoria de Imprensa do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)