Sem Terra sofrem violência no Pontal do Paranapanema (SP)

Na tarde de ontem os Sem Terra viveram mais um episódio de violência. Cerca de 100 famílias acampadas desde quinta-feira (09/11) na fazenda Porto Maria, município de Rosana, região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, foram atacadas por 20 jagunços a mando do grileiro da área, Miro Conti.

Os jagunços entraram no acampamento armados com revólveres e pedaços de pau, ameaçaram e agrediram fisicamente as famílias Sem Terra, batendo inclusive em mulheres, crianças e idosos.

A polícia foi chamada e prendeu os agressores. Após algumas horas, porém, eles foram soltos. Segundo um membro da coordenação do MST no Pontal, a polícia não manteve os jagunços na cadeia alegando que eles não cometeram um crime grave. O delegado responsável pelo caso chama-se Everson Aparecido Contelli.

Para o MST, acontecimentos como este comprovam que a violência do latifúndio contra os Sem Terra está longe de acabar. Mostram também que a polícia mais uma vez se coloca ao lado dos agressores que ameaçam física e psicologicamente os trabalhadores e trabalhadoras que ousam lutar por seus direitos.

Após a ocupação na fazenda, as famílias Sem Terra encontraram armas de fogo pertencentes aos latifundiários, que eram utilizadas por pistoleiros da região para perseguir trabalhadores e trabalhadoras. As armas foram entregues no mesmo dia à polícias. Os lavradores temiam que o armamento retornasse para a fazenda e caiasse novamente nas mãos de pistoleiros. Foi o que aconteceu.

O Pontal do Paranapanema, localizado no extremo-oeste de São Paulo, é a segunda região mais pobre do estado. A estrutura fundiária está baseada em latifúndios em terras devolutas, que pertencem ao poder público e estão sendo usadas ilegalmente para fins particulares, que de acordo com a legislação devem ser transformadas em assentamentos da Reforma Agrária.