Aécio Neves volta atrás e rejeita indenização das famílias de Felisburgo

A chacina de Felisburgo (MG) completa dois anos hoje. Em 20 de novembro de 2004, 18 criminosos encapuzados foram ao acampamento Terra Prometida e atiraram contra homens, mulheres e crianças. Foram mortos Iraguiar Ferreira da Silva, Miguel José dos Santos, Francisco Nascimento Rocha, Juvenal Jorge Silva e Joaquim José dos Santos. Mais 13 pessoas ficaram feridas, cem famílias foram desalojadas e uma escola destruída. Até agora, nenhum dos réus foi julgado e as famílias sobreviventes ainda não receberam as indenizações prometidas pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB).

Os mandantes do crime estão em liberdade, sete jagunços identificados continuam livres e convivendo na mesma região dos Sem Terra atacados e apenas três estão presos. A fazenda Nova Alegria, de dois mil hectares de terras devolutas, de acordo com o Instituto de Terras de Minas Gerais, foi grilada por Adriano Chafik Luedy, dono de propriedades em Minas Gerais e Bahia.

A fazenda foi ocupada por 200 famílias do MST em maio de 2002, que ergueram o acampamento Terra Prometida. Antes do massacre, a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o MST já tinham encaminhado à polícia de Felisburgo denúncias de ameaças a trabalhadores rurais na região. “A quadrilha já estava toda identificada e cabia até um pedido de prisão preventiva, mas nada foi feito”, afirmou Afonso Henrique de Miranda, procurador de Justiça.

O governo de Minas Gerais, acusado de omissão em relação às ameaças, fez um acordo de indenizer as famílias pelas mortes e conceder aposentadoria às viúvas.

O deputado estadual Rogério Correio (PT), vice-presidente da Assembléia Legislativa de Minas, já protocolou o projeto 2972/2006 que transforma o acordo em lei. O projeto já pode ser votado, no entanto, o governador Aécio Neves voltou atrás, rompeu o acordo e orientou a sua bancada a rejeitar o projeto.

O MST faz uma campanha para que o governador Aécio Neves cumpra o compromisso feito com as famílias Sem Terra vítimas da chacina de Felisburgo, apóie o desaforamento do julgamento do suposto mentor intelectual e autor direto do massacre Adriano Luedy Chafik e dos jagunços para Belo Horizonte, a desapropriação da fazenda Nova Esperança por interesse social em função do grave conflito que persiste e o assentamento de todas as famílias acampadas na região.

Nesta segunda-feira, foi realizada uma missa em homenagem aos mortos em Felisburgo. Participaram da cerimônia 200 trabalhadores sem-terra acampados na cidade e 100 pessoas da sociedade civil mineira e de entidades como Cáritas, CPT (Comissão Pastoral da Terra) e da Igreja Dominicana. À tarde, está previsto um curso no acampamento sobre direitos humanos.