Movimentos sociais discutem os impactos dos transgênicos na agricultura

Por Suzane Durães
Fonte Minga Informativa

Reunidos na Cúpula pela Integração dos Povos, em Cochabamba, Bolívia, integrantes de movimentos sociais e organizações não governamentais discutiram os impactos dos transgênicos e da companhia Monsanto na agricultura camponesa.

A história da resistência brasileira contra os transgênicos começou em 1999, com os primeiros experimentos da Syngenta e da Monsanto no Brasil. Para o assessor para Políticas de Segurança Alimentar do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), Edélcio Vigna, “a pressão popular conseguiu barrar vários experimentos”.

Mesmo com protestos de organizações de todo o mundo, os transgênicos têm avançado. Segundo Vigna, os Estados Unidos são responsáveis por 62% da produção geneticamente modificada do mundo, seguido da Argentina com 21% e o Brasil, 12%.

A Monsanto é a principal empresa produtora de sementes transgênicos. De acordo com Marcelo Montenegro, da Action Aid, a Monsanto domina toda a parte de investigação das sementes nos Estados Unidos e possui todas as patentes das sementes transgênicas. No total, são 647 patentes biotecnológicas de plantas. “A empresa tem agido de forma muito agressiva com os camponeses estadunidenses. Em alguns casos, se não cumprem o contrato e pagam os royalties, a empresa envia cartas ameaçadoras”. Marcelo conta que cada vez mais crescem o número de ações judiciais da empresa contra os camponeses. “Nos Estados Unidos, a empresa já recebeu mais de 15 milhões de dólares em indenizações”, afirma.

No Brasil, os movimentos têm conseguido vitórias importantes. Em novembro, o governador do Paraná Roberto Requião (PMDB) anunciou a desapropriação de uma área de 300 hectares da Syngenta. Em março, a Via Campesina acusou a empresa de plantar soja transgênica em área ilegal, na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, considerado patrimônio da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A área será destinada ao desenvolvimento de técnicas e experimentos voltados para a agroecologia.

Para Fabiano Baldo, do MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores ), a recuperação das sementes crioulas é o principal enfrentamento contra os transgênicos. “Há milhões de anos, camponeses e camponesas têm conservado, selecionado e melhorado suas sementes e o resultado é uma grande diversidade de cultivos e variedades utilizadas na produção agrícola”.

A Via Campesina realiza em abril de 2007 a Festa das Sementes Crioulas. Um dos mais importantes eventos sobre biodiversidade do país, que realizado na cidade de Anchieta, em Santa Catarina. “Essa é uma oportunidade de mostrar o que produzimos, trocar experiências e fortalecer nossa luta contra os transgênicos. É preciso lutar pela sobenaria alimentar. O povo tem o direito de definir sua própria produção, distribuição e consumo de alimentos”, diz Fabiano.

Para mais informações sobre a Cúpula pela Integração dos Povos, acesse: http://www.movimientos.org