MST marcha no RS para denunciar estagnação da Reforma Agrária

O MST do Rio Grande do Sul realizou uma série de mobilizações no mês de novembro, colocando em pauta os motivos que atrasam o processo de Reforma Agrária no estado e no país. Enquanto uma marcha denunciava mais uma vez a existência de um latifúndio utilizado pelo tráfico de drogas, cuja desapropriação é barrada pelo Poder Judiciário, outra alertava a sociedade para o avanço das multinacionais do eucalipto sobre as terras brasileiras.

As duas marchas do MST começaram a caminhada no dia 15 de novembro. Uma delas, na região metropolitana de Porto Alegre, tinha como destino a Fazenda Dragão, no município de Eldorado do Sul. A área, seqüestrada pela Justiça por indícios de ligação com o tráfico de drogas, já foi desapropriada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mas o processo foi barrado no mês de agosto por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

“Queremos que a sociedade veja que ali existe um latifúndio ilegal, enquanto há centenas de famílias morando há quase seis anos debaixo da lona preta”, afirma Mauro Cibulsky, da coordenação estadual do MST. A área tem 760 hectares e poderia abrigar 75 famílias. O Incra recorreu da decisão do STF, que ainda não se pronunciou.

Já na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, região do Pampa, onde o latifúndio está mais arraigado, a caminhada de centenas de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra denuncia o avanço das multinacionais do eucalipto na região. O MST defende a desapropriação da Fazenda Southall, uma área de 13 mil hectares que a empresa Aracruz Celulose deseja comprar para o plantio de eucalipto. A empresa vai receber um financiamento de R$ 595,9 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Com as duas marchas, que permanecem acampadas em locais próximos às fazendas, o MST reivindica o cumprimento das metas estabelecidas pelo próprio Incra. O órgão se comprometeu a assentar 1070 famílias ainda em 2006, mas apenas 98 famílias receberam a terra.

Além disso, o MST exige a desapropriação da Fazenda Guerra, uma área de nove mil hectares, ocupada pela última vez em 29 de novembro. O Incra também se comprometeu a desapropriar, no mês de outubro, a Fazenda Guerra.