Camponeses lançam campanha por Reforma Agrária no FSM

Por Suzane Durães
De Nairóbi, Quênia

A Via Campesina lançou hoje no Fórum Social Mundial, em Nairobi, Quênia, a parte africana da Campanha Global pela Reforma Agrária. Desde 1996, a campanha era desenvolvida na América Latina e, agora, os bons frutos poderão ser colhidos em terras africanas. Um dos objetivos é o combate à fome.

“Temos que avançar neste continente que é o mais pobre do mundo. Uma das coisas a fazer para combater essa miséria é a recuperação dos recursos naturais (água, terra, sementes, minas etc.) a favor do povo e assim. Só na África do Sul existem cerca de 15 milhoes sem-terra”, diz Rafael Alegria, coordenador internacional da campanha.

Para o nicaraguense, a defesa da reforma agrária e soberania alimentar não cabe apenas a indígenas e camponeses. “Por isso, temos buscado alianças com outras organizações e movimentos sociais para a construção de um grande e poderoso movimento popular na América Latina, África e Ásia. Depois da África, o objetivo é iniciar a campanha na Ásia”, revela.

Durante o lançamento, o moçambicano Diamantino Nhampossa, representante da União Nacional dos Camponeses (UNAC) e coordenador da Via Campesina na África, destacou a crueldade do colonização e as lutas pelas libertação do povo africano. “Ha 50 anos colonialismo tomou nossas terras. Nos anos 80, fomos novamente arrancados de nossas propriedades pelo Banco Mundial e agora, a única saída é mobilizar e realizar campanhas como estas, para incentivar o povo a lutar por seus direitos”, afirma Diamantino.

No final do evento, houve a entrega de sementes crioulas de milho maia enviadas pelos Zapatistas do México para os camponeses e camponesas da África.

A delegação da Via Campesina participa tem cerca de 50 delegados vindos de vários paises (África do Sul, Brasil, Índia, Franca, Cuba, Republica Dominicana, Cuba, Nepal, Madagascar, Tailândia, Honduras, Nicarágua, Noruega, Moçambique, Espanha, Indonésia, etc.). Durante o evento, a Via debate temas como a reforma agrária, recursos naturais, gênero, educação, alem de definir estratégias de lutas contra o agronegocio, o latifúndio e as transnacionais.