Fumicultura é tema de seminário nacional realizado no Rio Grande do Sul

Por Luiz Renato Almeida
Agência Chasque

Dados da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) revelam que mais de 193 mil famílias produzem fumo, em 797 municípios, a grande maioria nos três Estados do Sul. Em outubro do ano passado, o Brasil ratificou a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial de Saúde (OMS), um compromisso internacional pela adoção de medidas de restrição ao consumo de cigarros. O Governo Federal vem implementando projetos que auxiliam os agricultores a diversificarem a produção, cultivando alimentos e deixando, aos poucos, a cadeia produtiva do fumo.

De acordo com o delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Nilton Pinho de Bem, o governo está investindo R$ 10 milhões no programa de diversificação produtiva em regiões produtoras de tabaco. Ele defende que os agricultores trabalhem com diversas culturas diferentes.

“O agricultor ter um sistema de produção, com árvore, com cultura energética, uma horta para sua alimentação, uma ou mais culturas que vão lhe dar recursos no mercado, como é o caso do fumo, do leite, do porco, da soja, do milho, é isso que a gente quer. Que o agricultor tenha policultivos, porque isso é bom negócio, do ponto de vista ambiental, econômico, social e do ponto de vista da saúde pública também”, afirma.

Para o delegado do MDA, substituir a produção de fumo pode trazer benefícios até mesmo à saúde dos agricultores, que são expostos a altas cargas de agrotóxicos na fumicultura. Citando o caso da agricultora que se suicidou no dia 2 de fevereiro, no município de Vale do Sol, Nilton de Bem avalia que os agricultores precisam se livrar da dependência das grandes indústrias.

“A informação que nós temos é que foi solicitado o arresto de seus bens e a partir daí ela se suicidou. Justamente essa questão do agricultor não tem condição de pagar e ter o arresto dos bens tem a ver com a relação que ele tem com as empresas. São quatro grupos que dominam aproximadamente 70% do mercado de tabaco, e eles determinam preço, essas coisas todas”, diz.

No Brasil, 85% da produção de fumo é exportada, principalmente para a China, os Estados Unidos e a Alemanha. Embora os efeitos da Convenção-Quadro ainda não tenham sido notados, uma vez que a produção de fumo não caiu, o consumo de cigarros se estabilizou no País. Duas pesquisas recentes realizadas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram que menos adolescentes fumam e que o índice de consumo de tabaco no País parou de crescer.