Entidades questionam participação da Vale na Campanha da Fraternidade

Adital

O lançamento da Campanha da Fraternidade 2007, cujo tema é “Amazônia e Fraternidade: Vida e Missão neste Chão”, ocorrido na quarta-feira, 21, em Belém, Estado do Pará, foi alvo de protestos de algumas organizações e organismos eclesiais. Em manifesto, divulgado no sítio da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), é contestada a participação da Companhia Vale do Rio Doce, que foi privatizada pelo Estado, como agente financiadora do evento que, ainda segundo os assinantes do manifesto, aconteceu num lugar “reservado às elites” do estado paraense.

A Campanha tem como eixo central a mobilização e o respeito pela vida dos povos amazônicos, bem como chamar a atenção dos brasileiros para os problemas que persistem na floresta Amazônica. O texto-base lançado ontem, enaltece os valores dos índios, quilombolas, comunidades ribeirinhas, entre outros.

O manifesto deixa claro que, neste caso, há muitas contradições, uma vez que nem toda a população teria acesso à ilha onde foi feito o lançamento. O embarque para o local se dá através das Docas, “reservado paras as elites”. O documento contesta ainda o fato de o evento ter sido restrito para quem tivesse convite.

“O mais grave, no nosso entender, é que este lançamento seja patrocinado pela Companhia Vale do Rio Doce que é uma das principais responsáveis pela destruição ambiental e por conflitos com as populações tradicionais da Amazônia”, diz o documento. Cita ainda que a Companhia é símbolo de malversação do patrimônio público brasileiro, através do processo de privatização acontecido nos anos anteriores.

Assinam o documento a Articulação Nacional da Pastoral da Mulher Marginalizada, Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, Comissão Pastoral da Terra, Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Grito dos Excluídos, Grito dos Excluídos/as Continental, Pastoral da Juventude Rural (PJR), Pastoral do Menor, Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM). Contudo, todas as entidades salientam a importância das campanhas realizadas até o momento.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ainda não se manifestou sobre o assunto. A Assessoria de Imprensa afirmou que é preciso primar pela liberdade de expressão dos movimentos e organizações.