Resgatadas no Maranhão 78 pessoas em trabalho escravo

Marcela Rebelo
Agência Brasil

A Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Maranhão resgatou 78 trabalhadores em situação de trabalho escravo em duas fazendas do estado: a Canaã, situada no município de Bom Jardim, e a Mirabela 2, que fica na estrada que liga os municípios de Santa Luzia do Tide e Alto Alegre do Pindaré.

Segundo o coordenador do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo da DRT de Maranhão, Carlos Henrique da Silveira Oliveira, na fazenda Canaã foram resgatados 32 trabalhadores. “As condições do alojamento dos empregados, onde eles dormiam, eram muito precárias. Havia muitos animais dentro do alojamento: galinha, porcos, cachorro”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Ele disse que a fazenda já havia iniciado um processo de endividamento dos empregados. “O gato [aliciador de mão-de-obra irregular] já estava começando a desenvolver esse sistema para prender o empregado na fazenda por dívida”. Oliveira explicou que são oferecidas mercadorias para os empregados, como roupas ou cigarro, e, ao final do mês, o valor dos produtos é descontado do salário do trabalhador.

“Normalmente, essa mercadoria é vendida bem acima do valor de mercado. O empregado, com isso, fica sempre em débito com o gato e não sai da fazenda porque está devendo”. Segundo ele, os trabalhadores ganhavam no máximo R$ 150 por mês.

O proprietário da fazenda Canaã não estava no local no momento da fiscalização da DRT. “Encontramos, no entanto, o gato que estava armado e foi preso em flagrante por porte ilegal de arma”. O gato é conhecido na região por Zé Paulo e, segundo Oliveira, já foi libertado. “Ele ficou só dois dias preso por causa de um pedido do advogado da fazenda”.

Já na outra fazenda, a Mirabela II, foram resgatados 46 trabalhadores em situação de trabalho escravo, sendo que 12 dormiam em um curral. “A situação era horrível. Os empregados armavam as redes em cima das fezes dos animais. Não sei como alguém conseguia dormir em uma condição daquela”, disse. Os outros trabalhadores dormiam em um barraco de madeira, sem instalações sanitárias. Entre os empregados em situação de trabalho escravo, foram encontrados dois jovens de 15 anos.

Nas duas fazendas, os proprietários pagaram indenizações aos trabalhadores em torno de R$ 40 mil, além de assinar termo de ajustamento de conduta, se comprometendo a não contratar mais empregados nessas condições. Essa foi a primeira operação de 2007 do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo da DRT do Maranhão.