20 anos depois, acusado do assassinato de padre Josimo será ouvido

Acusado de participar do conluio para assassinar padre Josimo Morais Tavares, o juiz aposentado e procurador do município de Araguaína, João Batista de Castro Neto, será interrogado amanhã, dia 2, no Fórum de Justiça de Araguaína, Tocantins.

A 1ª Promotoria Criminal de Imperatriz, Maranhão, apresentou denúncia que aponta João Batista de Castro Neto e os fazendeiros José Elvécio Vilarino e Pedro Vilarino Ferreira como mandantes do crime. Consta ainda que os três acusados, juntamente com Osmar Teodoro da Silva e Geraldo Paulo Vieira, reuniram-se várias vezes na residência deste último para acertarem os detalhes da encomenda da morte de Josimo. A partir desta denúncia, o juiz da 1ª Vara Criminal de Imperatriz, onde foi instaurada ação penal em abril de 2006, expediu Carta Precatória para o interrogatório do acusado.

O crime

Padre Josimo Morais Tavares foi assassinado no dia 10 de maio de 1986 por Geraldo Rodrigues da Costa. O religioso subia as escadas do prédio onde funcionava a sede da Comissão Pastoral da Terra, CPT, quando foi ferido. Antes do assassinato, ele havia solicitado providências às autoridades federais quando sofreu atentado em 15 de abril de 1986. Josimo era coordenador da CPT na região do Bico do Papagaio e ajudava na luta contra a grilagem de terra e em defesa dos trabalhadores rurais. Na época, o crime teve grande repercussão nacional e internacional.

Ação Judicial

Este novo processo é resultado da reabertura do inquérito em conseqüência das declarações feitas em 2000 por um dos réus (Guiomar Teodoro da Silva), já condenado pelo mesmo crime. Para o promotor denunciante, Dr. Arnoldo Jorge de Castro Ferreira, os depoimentos do inquérito policial demonstram que o juiz aposentado e os dois fazendeiros organizaram-se com outros acusados para assassinar o padre em virtude de sua atuação como coordenador da Pastoral da Terra na região. Na época, João Batista de Castro Neto era juiz de Direito em Araguaína, então norte de Goiás. Ainda, conforme os autos do inquérito, as armas usadas no atentado praticado contra padre Josimo no dia 15 de abril de 1986 e no assassinato no dia 10 de maio foram fornecidas pelos 3 últimos acusados.

A situação dos demais envolvidos

Geraldo Rodrigues da Costa – executor do crime. Situação: condenado a 18 anos e seis meses de prisão. Fugiu várias vezes da penitenciária de Goiânia e conforme noticiado foi morto ao fugir de uma perseguição policial.
Vilson Nunes Cardoso – co-participe (motorista que levou o executor até o local do crime). Situação: Foragido desde a data do crime.
Osmar Teodoro da Silva – mandante. Situação: condenado a 19 anos de prisão e encontra-se cumprindo pena.
Geraldo Paulo Vieira – mandante. Situação: condenado a 18 anos de prisão. Morreu poucos meses após iniciar o cumprimento da sentença.
Adailson Vieira – mandante. Situação: condenado a 18 anos de prisão. Cumpriu parte da pena e obteve progressão de regime, estando hoje em liberdade.
Guiomar Teodoro da Silva – mandante. Situação: condenado a 14 anos de prisão. Cumpriu parte da pena e obteve progressão de regime, estando hoje em liberdade.

Nazaré Teodoro da Silva e Osvaldino Teodoro da Silva – mandantes. Situação: Julgados e absolvidos pelo Tribunal do Júri. Sentença reformada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão. Aguardando designação de um novo júri.

O acompanhamento dos processos vem sendo feito por advogados de São Paulo e do Tocantins, contratados pela CPT e Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Tocantins (FETAET).

Fonte: Comissão Pastoral da Terra