Sem Teto são despejados em Porto Alegre

Luiz Renato Almeida
Agência Chasque

Quem se dirigiu para o centro de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira, 23, percebeu que havia algo diferente acontecendo. O trânsito ficou congestionado em várias ruas e avenidas porque a Brigada Militar realizava uma megaoperação para despejar 36 famílias que ocupavam um prédio abandonado no centro da capital. O prédio foi ocupado em novembro do ano passado.

Por volta das sete horas da manhã, soldados da Brigada Militar começaram a chegar ao local, como relata um dos integrantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Beto Aguiar. “Hoje pela manhã, começou a chegar o efetivo da BM. É um aparato que a gente não via nem na ditadura. Acreditamos que eram cerca de 600 soldados. Era batalhão especial, corpo de bombeiros, soldados com bomba de gás lacrimogêneo, com todo o tipo de arma. E agente lembra que a Polícia Federal prendeu o PCC com 20 homens, agora para retirar 36 famílias é todo esse aparato da BM”, diz.

O prédio foi desocupado pacificamente por volta das 9h30 da manhã. O comandante da operação, coronel Paulo Mendes, diz que foram utilizados 150 soldados, e justifica o tamanho da operação. “Uma reintegração de posse é uma área de conflito imprevisível. A BM não pode se expor, colocando poucos recursos humanos para fazer frente a uma demanda de tanta envergadura. Quanto maior o número de policiais, menor a possibilidade de conflitos”, afirma.

As famílias do movimento de moradia decidiram sair acorrentadas do prédio, como explica Beto Aguiar. “É para fazer uma alusão ao crime organizado e à situação do prédio. O prédio foi comercializado para o crime organizado, e agora nos tratam como criminosos”, afirma.

Depois da desocupação, os manifestantes seguiram até a Prefeitura de Porto Alegre e ao Palácio Piratini, para realizar protestos.