Justiça retira acusação contra suspeito de assassinato no Pará
Aloisio Milani
Agência Brasil
O juiz da comarca de Rondon do Pará retirou a acusação contra o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do trabalhador rural José Dutra da Costa, conhecido como Dezinho, em novembro de 2000. O caso marcou a luta de movimentos sociais contra a violência no campo e pela reforma agrária, assim como a morte da missionária Dorothy Stang. O principal suspeito era o fazendeiro Décio José Barroso Nunes, o Delsão.
O magistrado seguiu um pedido da promotoria que alegou não haver provas suficientes contra o suspeito. Entidades de trabalhadores rurais criticam decisão da Justiça do Pará por gerar impunidade. Segundo uma nota divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará, o caso é “mais um lamentável exemplo do descaso da polícia, do Ministério Público e do poder Judiciário paraense em punir aqueles que detêm o poder econômico e comandam o crime organizado no campo”.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), nos últimos 30 anos, mais de 700 assassinatos aconteceram na área rural do estado do Pará, fruto de conflitos agrários e a violência de grandes proprietários de terras. Destes, apenas quatro fazendeiros, mandantes de crimes, teriam sido condenados pela justiça, segundo a comissão.
Em reportagem realizada pela Agência Brasil em janeiro de 2007, a viúva do líder rural Dezinho, Maria Joel Dias da Costa, vencedora do Prêmio de Direitos Humanos, criticou a lentidão no processo. À época, a representante da organização não-governamental Justiça Global também denunciou a possibilidade de Delsão fugir do julgamento.