Presidente do Equador propõe Banco do Sul ao Brasil

Brasil de Fato

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o colega equatoriano Rafael Correa no Palácio do Planalto na última quarta-feira, dia 4. O encontro foi marcado por temas relativos às tarifas que incindem sobre os produtos equatorianos, obras de infra-estrutura e investimento em agrocombustível. À primeira vista, a reunião dos presidentes apresentou mais consensos do que divergências, mas a criação do Banco do Sul, proposta por Correa, é vista com ressalvas pelo governo brasileiro.

O Planalto adiantou que pretende eliminar as tarifas sobre a importação de produtos equatorianos, a fim de superar um desequilíbrio comercial existente na relação entre os dois países. Entre 2003 e 2006, o saldo das relações bilaterais resultou num lucro de US$ 2,1 bilhões para o Brasil.
Na área de infra-estrutura foi acordado uma grande obra, que liga, por rodovias e hidrovias, Manaus à Manta, no Equador. A obra, orçada inicialmente em US$ 2 bilhões, seria importante, na visão de Correa e Lula, para a integração do continente e para ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico, o que facilitaria as relações comerciais com a Ásia.

Lula acredita que o encontro foi importante para trazer mais um país para a produção de agrocombustíveis. “Mesmo sendo auto-suficientes e exportadores de petróleo nossos países estão determinados a impulsionar essa revolução de energia limpa e renovável, geradora de empregos e capaz de preservar nossas florestas”, afirmou o presidente brasileiro.

Mesmo com a sinalização positiva de Correa acerca da produção de agrocombustíveis, da qual os EUA são entusiastas, o mandatário equatoriano mostrou-se disposto a criar mecanismos de contraposição ao poderio econômico dos EUA e aos países ricos. O mais importante desses mecanismos é o Banco do Sul, que já conta com apoio de Venezuela, Bolívia e Argentina, além do próprio Equador. O Banco, segundo Correa, permitiria aos países da América do Sul não ter mais que recorrer ao Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial em períodos de crises financeiras. “A América Latina tem cerca de US$ 200 bilhões em reservas investidas no exterior, sobretudo no primeiro mundo. Essas reservas unidas podem constituir um fundo, que chamamos de Banco do Sul, para financiar os próprios governo da região e a América Latina não requereria financiamento extraordinário extraregional”, afirmou Correa.

No entanto, o goveno brasileiro não demonstrou entusiasmo com a proposta. O assessor da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que o projeto do Banco do Sul carece de “consistência técnica”.