Defensora de Direitos Humanos é ameaçada no Pará

Gisele Barbieri
Radioagência NP

A grilagem de terras e a expulsão de trabalhadores de seus territórios no estado do Pará são algumas das causas que implicam no aumento dos índices de violência no campo, segundo entidades como a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Por denunciar estas violações dos Direitos Humanos dos trabalhadores no estado, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (PA), Maria Ivete Bastos, recebe desde 2003 inúmeras ameaças de morte. As intimidações já foram feitas por telefone, cartas anônimas e até mesmo pessoalmente.

Maria Ivete, que no ano passado recebeu um prêmio na Índia pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, já se considera marcada para morrer. “Hoje eu estou marcada e não ameaçada. É diferente porque o interesse é de muitos grupos. Na verdade hoje não sou só eu, existem outros dirigentes de base que também estão ameaçados de morte. Mas eu atribuo isto a essa falta de “governança” e a falta de uma reforma agrária séria na nossa região. Como isto não existe, todo mundo chega, se apropria das áreas, grilam a terra e não há uma reforma agrária digna”.

Ela garante que nunca pôde formalizar uma denúncia sobre estas ameaças, por não saber nome e nem endereço destas pessoas, mas promete também que não irá abandonar a luta por justiça social, “nem que o preço seja sua própria vida”. Segundo ela, sem luta não há transformação.

Um relatório organizado pela Organização Não-Governamental (ONG) Terra de Direitos denuncia que entre 1995 e 2004, os conflitos ocorridos na luta pela terra no Pará fizeram mais de 130 vítimas. Foram em torno de 130 tentativas de homicídios com aproximadamente 460 ameaças de morte contra trabalhadores rurais e defensores dos direitos humanos no estado.