Festejos celebram o 10º ano do “Zumbi dos Palmares”

Emoção e alegria marcaram os festejos do 10º aniversário do Assentamento Zumbi dos Palmares, o “Pai de Todos” em Campos dos Goytacazes. A área foi uma das primeiras ocupações do MST no estado do Rio e chegou a reunir mais de 700 famílias. Hoje, 506 famílias vivem nos cinco núcleos que contam com escolas e postos de saúde. Ontem, dia 12, exatos dez anos após a ocupação, voltaram a se reunir no local, lutadores e lutadoras da cidade que apoiaram as famílias na conquista da terra e comemoraram juntos a resistência dos assentados.

Em uma programação que valorizou o protagonismo dos assentados, foram lembrados os momentos de articulação, as antigas lideranças e as vitórias de cada família que hoje planta o que come, estuda e sabe a importância de se organizar. A Mística e um ato ecumênico deram o tom religioso da festa. Mas não faltaram o bolo repartido e os alimentos produzidos no assentamento.

A atividade começou logo cedo com uma mística encenada por crianças do assentamento ainda no Núcleo 1, onde ficava o acampamento inicial das famílias. Em seguida, foi a vez do Núcleo 2 ser visitado. Lá, um ato ecumênico lembrou a coragem dos que ousaram enfrentar o latifúndio e a monocultura.

A próxima parada foi no núcleo 3, onde os participantes fizeram a Ceia da Fartura, comemorando as conquistas garantidas para o Assentamento. No núcleo 4, foi feita uma homenagem a Dona Moreninha, uma senhora de 84 anos, que por muito tempo contribuiu para a mobilização das famílias, mas agora já não pode andar. O fim do trajeto foi no núcleo 5, onde um grande bolo esperava os caminhantes para o encerramento da festa.

Para Paulo César, o PC, da Direção Estadual do MST, a atividade uniu mais os assentados que atuam coletivamente e deu ânimo na mobilização. “As fotos e as histórias nos fazem relembrar o sentido da luta. As pessoas deram pulos de alegria quando se viram”, conta.

Na quarta-feira, dia 11, um seminário sobre Educação no Campo reuniu cerca de 150 pessoas, que debateram um projeto político pedagógico para a educação no campo.

O acampamento ficava nas terras da antiga usina Santa Maria, um latifúndio de 8 mil hectares de cana-de-açúcar que faliu em meados da década de 90, deixando dívidas e milhares de trabalhadores desempregados. Cerca de 80% dos lavradores que ocuparam a área tinham sido cortadores de cana.

A desapropriação da área foi feita sete meses após a ocupação, mas o Incra levou anos para concluir o parcelamento das terras, que permite a instalação definitiva das famílias nos lotes.

A organização do MST em Campos foi cercada de ameaças e criminalização. Até hoje, um dos principais obstáculos para a Reforma Agrária no Norte Fluminense continua sendo a discriminação e a lentidão da Justiça de Campos. Mas os trabalhadores Sem Terra continuam a resistir e lutar. Cinco dos dez acampamentos atuais no MST no estado do Rio ficam na região.