Trabalhadores liberam pedágios em protestos no Paraná

Para denunciar o alto preço dos pedágios, protestar contra as privatizações das rodovias federais e estaduais e exigir o assentamento das 8.000 famílias acampadas no Paraná, o MST e outras organizações que compõem a Via Campesina, realizam na manhã dessa terça-feira, dia 17 de abril uma séria de ocupações em praças de pedágios no estado. Cerca de 3.000 mil trabalhadores Sem Terra participam da ação para liberar 23 pedágios no estado. A expectativa é aumentar esse número até o início da tarde.

Os pedágios são hoje, um dos principais entraves para a pequena agricultura, uma vez que, encarecem em muito a distribuição dos produtos agrícolas, prejudicando os produtores no campo e os consumidores nas cidades.

Segundo pesquisa do Fórum Social Popular Contra o Pedágio no Paraná, 93% dos paranaenses são contra a cobrança de pedágio. Paulo dos Santos, usuário das rodovias, reclama que as empresas estão tendo lucro com um serviço público, sem proporcionar melhorias aos usuários e às rodovias. “Além do valor da tarifa custar quase o mesmo preço do combustível, os pedágios também congestionam o trânsito em dias de feriado”, afirma.

No entanto, pagar pedágio não um problema exclusivo de quem trafega nas rodovias. O coordenador do Fórum, Acir Mezzadri, esclarece que, mesmo o cidadão brasileiro que não transita por qualquer rodovia, paga pelos pedágios, quando consome qualquer produto.

Isso afeta diretamente o crescimento econômico do Paraná, pois todas as mercadorias já vêm com o valor do pedágio embutido. A conta é paga por todos: consumidores, agricultores, usuários e caminhoneiros. Ao todo, 72% de toda a riqueza brasileira é transportada pela malha rodoviária.

Além dos usuários e consumidores, os pequenos agricultores também são diretamente afetados, pois as altas tarifas elevam os custos para escoar a produção agrícola. Dados do governo do Estado mostram que, todos os anos, somente a agricultura deixa mais de R$ 100 milhões nas praças de pedágios do Estado.

Jornada

A mobilização faz parte da Jornada de Lutas pela Reforma Agrária, que acontece em todo o país. Hoje, dia 17 de abril, completa onze anos do Massacre de Eldorado de Carajás, que matou 19 trabalhadores rurais Sem Terra. Nenhum dos responsáveis ainda foi condenado pelos crimes. O dia foi decretado como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, em 2002 (Lei 10.469).

Além de punição aos assassinos dos trabalhadores rurais, os Sem Terra em todo o Brasil também cobram agilidade no processo de Reforma Agrária e a atualização dos índices de produtividade das fazendas, que ainda é baseado em dados de 1975.