17 de abril foi marcado por protestos também no Ceará

Trabalhadores fizeram ontem, 17, protestos em várias regiões do Ceará. Em Madalena cerca de 250 trabalhadores bloquearam a rodovia CE 020 que liga Fortaleza a Tauá, a rodovia só foi liberada por volta do meio dia. Os Sem Terra também realizaram cinco ocupações: em Quixeramobim, em Paracurú (região da praia), Jaguaretama, Itapiuna, e em Antonina do Norte.

Em Fortaleza 250 trabalhadores participaram de um ato em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que permaneceu fechado durante toda a manhã de ontem. Participaram da manifestação trabalhadores rurais Sem Terra e servidores da Associação dos Servidores do Incra (Assincra). Uma das principais pistas da avenida ficou bloqueada enquanto acontecia o ato.

Por volta das 14 horas, trabalhadores se dirigiram para outro ato que estava acontecendo na Reitoria do Campus Benfica da Universidade Federal do Ceará (UFC). O ato contou com a participação de 450 pessoas de vários movimentos e segmentos da sociedade civil. Após o ato houve o lançamento do caderno “Conflitos no Campo Brasileiro – 2006” organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A atividade lotou o auditório Castelo Branco com a presença de padres, freiras, leigos e de vários movimentos do campo, indígenas, pescadores, MST E MAB. Também contou com a presença ilustre do bispo emérito de Limoeiro do Norte, Dom Edmilson Cruz, que falou da importância do caderno. “É preciso que essas informações cheguem até as principais vitimas, que são os trabalhadores […] mas também que a sociedade saiba o descaso que está acontecendo no campo”. Ele afirmou ainda que a luta pela Reforma Agrária e contra a violência no campo precisa ser de toda a sociedade. “Essa luta é por todos, somos cristãos, somos pessoas, somos brasileiros”.

Na ocasião foram apresentadas várias denúncias das agressões sofridas pelos trabalhadores, e também contra o agronegócio da carcinicultura (produção de camarões), que está devastando os mangues. Na semana passada um trabalhador morreu na região de Paraipaba.

Criminalização

Os trabalhadores aproveitaram a oportunidade para denunciar também a criminalização dos movimentos sociais que tem ocorrido na região, sobretudo, com a prisão ilegal de trabalhadores rurais. O trabalhador Francisco de Assis, do assentamento São Francisco em Icapuí (CE), é um exemplo. Ele está preso de forma irregular há 15 dias. A prisão foi realizada sem mandado de prisão.

O MST classifica a prisão como “perseguição política”. Além dele, também está com a prisão preventiva decretada a trabalhadora Maria Augusta Ferreira, também do assentamento São Francisco. Hoje, dia 18, o MST se reúne com o Incra para discutir, entre outras coisas, a libertação de Francisco de Assis.