Via Campesina protesta contra a liberação de transgênico

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) realiza reunião hoje, 19, em Brasília, para definir a liberação do milho transgênico produzido pelas multinacionais Bayer e Monsanto. A possibilidade de aprovação da medida leva a Via Campesina a se mobilizar, a partir das 14h30, em frente ao Ministério das Ciências e Tecnologia — onde acontece a reunião — para afirmar a posição dos trabalhadores rurais diante da questão.

Durante o ato, os integrantes da Via Campesina entregarão no ministério dois sacos de milho crioulo produzido pelos lavradores no assentamento Cunha, no município de São Sebastião (DF).

A liberação comercial do milho transgênico é uma total irresponsabilidade com os agricultores, a agricultura e com a biodiversidade brasileira, afirmam os lavradores. Os poucos estudos realizados até agora pelas empresas de biotecnologia apenas comparam o teor nutricional do milho transgênico ao do milho convencional.

Além disso, não há nenhuma garantia comprovada nem pelas empresas, nem pela Embrapa, nem pela CTNBio, de que o milho transgênico possa coexistir com as diferentes formas de agricultura (convencional, transgênica, orgânica e agroecológica). “Queremos lembrar que o cruzamento do milho é do tipo aberto, ou seja, o vento, as nossas roupas, tudo pode levar o pólen transgênico e contaminar as outras sementes. O risco de perda do material genético original e a própria perda do direito de escolha do consumidor são seriamente comprometidos se aprovada a liberação comercial desta maneira”, diz Milton Fornazieri, integrante da Via Campesina Brasil.

A audiência pública promovida pela CTNBio, diante de uma ordem judicial, foi considerada uma grande vitória da sociedade civil que quer mais esclarecimentos sobre o milho das transnacionais. No entanto, a audiência foi claramente tendenciosa: a Comissão não abriu a metodologia do encontro, só aprovou a exposição de pessoas favoráveis aos transgênicos e desdenhou qualquer argumentação que fosse de encontro à liberação do milho.

Os movimentos camponeses defendem a agroecologia e o direito de todos e todas ao acesso a alimentos saudáveis e de qualidade. A solicitação de liberação do milho transgênico no Brasil é feita somente por quatro transnacionais, o que pode levar a um monopólio de produção de sementes de milho no Brasil.

A Via Campesina é uma organização camponesa internacional que desde 1993 é responsável pela mobilização e articulação mundial defendidas pelos camponeses. No Brasil, sete organizações compõem a Via: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB).