Sem Terra fazem ocupação de terra pública em Limeira (SP)

Mais de 250 famílias Sem Terra seguem em área pública de 2 mil hectares em Limeira, no interior de São Paulo, ocupada na manhã de sábado, dia 21. As famílias pedem a criação de um assentamento no local. As terras estão sendo usadas ilegalmente para fins privados e, de acordo com a Constituição brasileira, deve ser destinadas à Reforma Agrária.

A área pertencia à Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) e, depois da privatização da companhia, continuou sob posse do poder público. Apesar disso, está sendo explorada irregularmente para o plantio de cana-de-açúcar por fazendeiro desconhecido. “A área ocupada é pública e, de acordo com a Constituição, deve ser destinada para a Reforma Agrária”, disse a integrante da direção estadual do MST, Cláudia Praxedes.

O MST tem 3.000 famílias acampadas em São Paulo. O trabalhador Pedro Martins da Silva, de 77 anos, um dos participantes da ocupação, acredita que a sua vida vai melhorar com o assentamento. “Quero plantar laranja, maracujá e mandioca”, diz.

Outra irregularidade é a localização do canavial, que fica dentro do complexo do horto florestal de Limeira, o que configura crime ambiental. Foi plantada cana até na margem de um córrego, causando assoreamento e esvaziamento pela absorção da água pela monocultura.

O MST denuncia também que a expansão dos canaviais em São Paulo, que domina 50% da área plantada no estado, pode causar o desabastecimento de alimentos das cidades. “Aqui tem um mar de cana que não serve para alimentar o povo”, disse a vereadora de Campinas, Marcela Moreira, que passou o sábado junto com os trabalhadores rurais.

Ela defendeu as ocupações de terra como forma de fazer o governo cumprir a legislação. “Não há o atendimento por parte dos governos das famílias organizadas sem luta e sem ocupação”, disse Moreira.

A ocupação contou também com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas, Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira, Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campinas e de estudantes de universidade da região. O mandato do vereador de Campinas Paulo Búfalo também apoiou a ocupação.

“Precisamos da união dos movimentos sociais e sindicais para fazer a luta contra o agronegócio”, afirmou Luis Eduardo Monteiro, da diretoria do Sindicato dos Petroleiros Unificado, que atua na região de São Paulo, Campinas e Mauá.