Sem Terra são ilegalmente expulsos de ocupações em Pernambuco

Cerca de 50 famílias foram ilegalmente expulsas por pistoleiros na última sexta-feira, dia 20, do Engenho Cavaco, no município de Xexéu, Zona da Mata Sul de Pernambuco. O Engenho havia sido reocupado no último dia 18, como parte das ações da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Desde a reocupação os trabalhadores Sem Terra vem sido ameaçados por pistoleiros que rondam a área com carros da usina Taquara, que arrenda o engenho. Os pistoleiros estavam constantemente atirando contra os agricultores. Na madrugada e na tarde de ontem os disparam se intensificaram obrigando os agricultores a se refugiarem no arredores da área. Ainda não há informações de onde as famílias estão refugiadas e se há feridos entre os Sem Terra.

A ocupação do dia 18 foi a terceira ocupação do MST na área, que já foi palco de vários conflitos. A área, de 500 hectares, é improdutiva e já foi declarada de interesse social para fins de reforma agrária, desde fevereiro de 2004. Mas os diversos recursos impetrados pelo “proprietário” contestando a decisão na justiça impedem a desapropriação O engenho foi arrendado pela Usina Tabatinga, apesar de já ter sido vistoriado e decretado para desapropriação peli Incra.

Em outra área, ocupada pelos Sem Terra no dia 17 de abril, a Fazenda Saco da Lagoa, no municipio de Salgueiro, Sertão Pernambucano, a Policia Civil invadiu ilegalmente a área na tarde de sexta, 20, atirando e agredindo as familias Sem Terra acampadas na área. A ação foi totalmente ilegal, pois a policia não tinha liminar de despejo para retirar os agricultores da área. O sobrinho do “proprietário” da fazenda, Cés ar Rosa Soares, acompahou toda a ação polícial, e também agrediu física e verbalmente os agricultores. As familias Sem Terra foram expulsas da área a tiros. Três Sem terra foram levados para a delegacia de Salgueiro e um agricultor, de nome Givaldo, está
desaparecido.

O MST denuncia as expulsões ilegais dos Sem Terra e exige punição pela violência da policia civil contra os agricultores. Em meio a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, que tem como mote a violência no campo e a impunidade dos crimes do latifundio, a realidade cotidiana nos prova que a situação de violência em que são submetidos agricultores Sem T erra em todo o Brasil é insustentável.

São dez anos de impunidade do Massacre de Camarazal, 11 anos de impunidade do Massacre dos Carajás, e mais os tantos outros crimes contra trabalhadores Sem Terra que continuam acontecendo
cotidianamente, como nos mostram os fatos ocorridos ontem no Estado de Pernambuco. É o latifundio se unindo a policia e ao poder judiciario para reprimir trabalhadores Sem T erra que lutam legitimamente por seus direitos.