Violência no campo: ruralistas criam Movimento dos Produtores Rurais

Um grupo de ruralistas da região oeste do Paraná criou o Movimento dos Produtores Rurais (MPR). A intenção do grupo é resistir à força às ocupações de terras realizadas por trabalhadores rurais ligados aos movimentos do campo, como o MST. “Queremos defender nossas propriedades”, disse um dos líderes do movimento e presidente da Sociedade Rural do Oeste, com sede em Cascavel, Alessandro Meneghel.

“Os sem-terra querem o abril vermelho e nós vamos ter um movimento dos produtores rurais para nos defender”, afirmou. Cada integrante do movimento – já há cerca de 300 inscritos – vai contribuir mensalmente com valores que variam entre R$ 100,00 e R$ 200,00, dependendo do tamanho da propriedade.

“É um fundo para quando houver alguma ‘invasão’ e tivermos que contratar segurança ou advogado, o que for preciso para defender o direito de propriedade”, afirmou. “Não estamos contratando pessoas para machucar ninguém, não tem nada de pistoleiro, são profissionais de empresas de segurança legalmente constituídas.”

Na semana passada o MPR já deu o primeiro sinal de sua existência. Na última sexta-feira, aproximadamente 60 integrantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) ocuparam a Fazenda Gasparetto, em Lindoeste, a cerca de 30 quilômetros de Cascavel. Um grupo de seguranças contratados pela entidade foi até a localidade e expulsou as famílias. Na troca de socos e pontapés, sete pessoas ficaram feridas. “A cada ação haverá uma reação dos ruralistas”, alertou Meneghel.

Institucionalizado a violência

Apesar de dizerem que repudiam a violência, a atitude dos ruralistas do Paraná estabelece um confronte ainda mais acirrado no campo, uma vez que, institucionaliza a presença de pistoleiros nas regiões. “Nós estamos preocupados, porque os fazendeiros estão prometendo que cada ação do MST vai ter uma reação”, afirma Celso Ribeiro Barbosa, dirigente estadual do MST.

Para Barbosa há uma enorme preocupação de que se proliferem ainda mais as milícias armadas, que costumam agir com violência contra as famílias que lutam pela terra. “Temos receio de que se instale uma milícia armada, desmoralizando o Estado e provocando uma guerra no campo. A criação de milícias está se tornando uma coisa normal no Brasil”, completa.

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná foi questionada sobre a decisão dos produtores rurais de tomarem para si a função de “defender” as propriedades. Em nota informou: “A Polícia Militar do Paraná esclarece que está atenta aos acontecimentos, policiando a área e que qualquer ato que contrarie a lei será punido como determina a legislação”.

Com informações do Estadão On Line