Sem Terra conseguem reafirmar acordo em audiência em Brasília

Reunidos em audiência em Brasília, trabalhadores Sem Terra (MST), Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegaram a um acordo sobre o assentamento das famílias acampadas na área do projeto Salitre, em Juazeiro (BA), desde o início de abril. No acordo ficou garantido o fornecimento de água e terra para os acampados.

A reunião foi marcada após cerca de 1.500 trabalhadores ocuparem duas sedes da Codevasf na Bahia, para pressionar pelo cumprimento de acordo firmado com a Companhia e o Incra em abril do ano passado. Os trabalhadores reivindicam o assentamento de 800 famílias na área do projeto Salitre.

Participaram da reunião os representantes do MST, Codevasf, Ouvidoria Agrária nacional, Incra nacional e da Bahia.

A ocupação dos prédios da Codevasf em Juazeiro e em Barreiras, na Bahia, permanece até que os representantes do Movimento discutam o acordo firmado com os participantes das ocupações. Assembléias gerais nos acampamentos estão marcadas para hoje, quinta-feira.

Reintegração de posse

Na região de Barreiras, a Justiça federal decidiu esperar o desfecho da audiência de Brasília para expedir ou não o mandado de reintegração de posse do prédio. Diferente da situação em Juazeiro, onde o juiz federal titular, Dimis da Costa Braga, concedeu reintegração de posse, autorizou a requisição de reforço policial e pediu o acompanhamento do Ministério Público Federal.

Hoje pela manhã as lideranças foram notificadas por um oficial de justiça. O documento da Codevasf, que provocou a decisão do juiz, acusa os trabalhadores de fazer baderna, algazarra, ameaças, entre outras.

Segundo informações de funcionários, que não quiseram se identificar, os poucos que compareceram ao trabalho tiveram que retornar para suas casas. Eles foram aconselhados pela direção da entidade. Esta teria insinuado que os trabalhadores ligados ao MST poderiam manter eles como refém ou cometer algum outro tipo de violência.

“A direção da Codevasf está incitando o problema. Caberia ao movimento e organizações que apóiam pedir uma reparação. Nós somos trabalhadores também, se eles nos acusam de coisas desse tipo nós podemos entrar com ação e mandar que eles provem”, argumenta Durval Sebastião Dias, coordenador da brigada do sertão do MST.

O governador da Bahia possui equipe responsável pela mediação de conflitos no estado. Existe a possibilidade da Polícia Federal requisitar ao governo reforço policial, por falta de efetivo no local. As lideranças da ocupação sabem que o governador não pode negar o pedido do juiz, mas sabem também que ele pode retardar o envio das tropas e priorizar a negociação pacífica.

A desocupação dos prédios, em Barreiras e em Juazeiro, dependerá da assembléia que acontece amanhã a tarde, entre as lideranças que estiveram na audiência em Brasília e as outras pessoas envolvidas no ato.