Movimento Sem Terra teme um novo massacre no Pará

Vinicius Mansur,
Radioagência NP,

A Polícia Militar do Pará (PA), está em ação para cumprir os 49 mandados de reintegração de posse de fazendas ocupadas por movimentos rurais no estado. Com mais de duas mil famílias acampadas no Pará, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que irá resistir à ação da PM.

O coordenador nacional do movimento, Ulisses Manacás, teme um novo massacre como o ocorrido em Eldorado dos Carajás (PA), há 11 anos, onde 19 trabalhadores foram brutalmente assassinados pela PM. Na época, o estado era governado por Almir Gabriel (PSDB). Ulisses afirma que em caso de tragédia, a responsabilidade será toda da governadora Ana Julia (PT), que não deveria ter autorizado os despejos sem fazer um levantamento das terras ocupadas.

“Nós achamos que há entre o judiciário e os movimentos sociais uma lacuna muito grande que deveria ser cumprida pelo estado. Ele deveria fazer vistoria das áreas, utilizar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para fazer desapropriação, porque todas estas áreas têm problemas de documentação (griladas). Então, o estado precisava ter uma intervenção neste sentido para, pelo menos, se for comprovada a produtividade das áreas e a documentação for legal, apresentarem uma alternativa para os trabalhadores. Mas é isso que não está ocorrendo”.

A PM decidiu que a fazenda São Marcos, no município de Parauapebas, será a última, a ser desocupada. Nela, estão acampados militantes do MST, que consideram a ocupação da fazenda um marco simbólico da luta pela terra. A fazenda pertence ao latifundiário conhecido como Donizete, que está sendo denunciado pelo Ministério Público como mandante dos assassinatos de duas lideranças do MST em 1998.