Fazendeiros criam “movimento” para combater Sem Terra

Não bastasse as conhecidas e violentas milícias armadas, contratadas por fazendeiros em várias regiões do país para combater os Sem Terra, em Santa Catarina, os fazendeiros resolveram ousar ainda mais. Eles criaram o Movimento dos Com Terra (MCT). O fato está gerando polêmica na sociedade e também entre os órgãos do governo. Um dos líderes, o deputado federal, Valdir Colatto (PMDB), já foi cotado para assumir o Ministério da Agricultura.

Em entrevista ao Portal Terra, Colatto afirmou que os cerca de 2.000 proprietários rurais estão em confronto com órgãos do governo devido ao que chama de “movimento sorrateiro” pela demarcação de terras indígenas e quilombolas. “O Brasil está sendo vítima de um movimento sorrateiro que está contestando um direito básico da nossa Constituição, o direito de propriedade”, diz.

Em Santa Catarina, o clima ficou tenso após uma portaria do Ministério da Justiça, em 19 de abril, que demarcou terras dos índios Guarani, Kaingang e Xokleng, acirrou a disputa e fez com que fazendeiros se aglutinassem para criar o MCT. Colatto criticou o governo e as ONGs no episódio e os acusa de favorecer indígenas. Segundo ele, órgãos como Ibama, Funai e Incra estariam emitindo laudos que comprometeriam milhares de pequenos proprietários.

O superintendente do Incra, em Santa Catarina, João Paulo Strapazzon, afirmou que não existe escritura pública que garanta a posse a um fazendeiro, de uma terra considerada indígena. “O deputado não conhece a Constituição, pois ela determina que as terras indígenas são imemorias, ou seja, não cabem registro público”, diz, acrescentando que o erro aconteceu em 1910, quando um projeto de colonização vendeu terras que não poderiam ser comercializadas.

Violência

A polêmica entre fazendeiros e indígenas tomou proporções policiais esta semana quando o arcebispo de Florianópolis, dom Murilo Krieger, pediu proteção policial para o bispo de Chapecó, dom Manoel João Francisco, que estaria recebendo ameaças de morte dos fazendeiros por defender a demarcação das áreas. [Leia aqui a matéria] . No dia do lançamento do MCT, um boneco representando o bispo foi incendiado na cidade por fazendeiros.

O MCT foi criado há menos de um mês por fazendeiros em Santa Catarina, e, nasceu para funcionar como resposta ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os fazendeiros pretendem resistir às decisões do governo de demarcar terras indígenas e quilombolas e de fazer desapropriação de terras para fins de Reforma Agrária.

com informações do Portal Terra