Fazendeiros protestam em Coqueiros do Sul

Raquel Casiraghi
Agência Chasque

A Fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, volta a ser palco de novas mobilizações no Rio Grande do Sul. Desta vez, os protestos serão dos produtores e das entidades rurais, que não querem a desapropriação da área para a reforma agrária. Nesta quinta-feira, a Farsul e sindicatos rurais da região Norte montam um acampamento em uma das sedes da fazenda. Na sexta, fazem uma carreata até a cidade vizinha, Carazinho, onde realizam um ato público e marcham até o Ministério Público para mostrar descontentamento.

Para o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, a tentativa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em desapropriar a área é um atentado ao direito de propriedade privada no país.

“Nós estamos com uma preocupação muito grande na Fazenda Coqueiros, porque ela vem sendo, já a alguns anos, agredida pelo MST e pelo Incra, que agora tenta desapropriar uma propriedade que serve de modelo na região. É altamente produtiva, com agricultura intensa e uma grande reserva natural, muito importante hoje que a gente fala tanto em preservar o meio ambiente”, diz.

Em junho, o Incra encaminhou ao governo federal a proposta de desapropriação da Fazenda Guerra por interesse social. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que luta há mais de dois anos pela área, afirma que ela é improdutiva, argumento rebatido pelos produtores rurais.

A Farsul também afirma que a desapropriação da fazenda pelo Incra neste momento seria ilegal, já que segundo a lei, áreas agrícolas que foram ocupadas não podem ser vistoriadas pelo Incra por dois anos. Outra reclamação é o baixo preço oferecido pela terra. De acordo com os produtores, o Incra quer comprar a fazenda por um terço do que ela vale no mercado.

O dirigente estadual do MST, Cedenir de Oliveira, diz que os acampados continuarão reivindicando a desapropriação da Fazenda Guerra, o que trará benefícios à população e ao município.

“Este discurso de que quem produz no país são os grandes, não condiz com a prática. E tem demonstrado nos municípios que os assentamentos deram certo, não somente para os assentados como para os municípios”, diz.

A Fazenda Guerra possui mais de nove mil hectares, onde poderiam ser assentadas 300 das 2,5 mil famílias que estão acampadas hoje no Estado.