Keno, exemplo na luta por Reforma Agrária e justiça social

Valmir Mota de Oliveira, o Keno, tinha 34 anos e deixou a todos o exemplo da sua militância incansável, como militante da Via Campesina e no MST. Ele sempre correu e lutou para que as famílias tivessem o seu pedaço de terra. Mas Keno nunca se preocupou em ter um pedaço de terra para si.

Sempre viveu em acampamentos. Do Paraná para o Brasil, Keno organizou brigadas e acampamentos pelos estados onde passou. No Sergipe, Maranhão, na Bahia, sua vida era na estrada, organizando as famílias. Viveu 10 anos em Brasília, ajudando a construir o MST ao redor da capital do Brasil. Nesta época, conheceu a esposa, Íris, com quem teve 2 dos 3 filhos.

Seus pais, João Mota de Oliveira e Evanir de Oliveira, hoje guardam apenas a lembrança de Keno. Eles estão há 23 anos no MST, participaram de uma ocupação pela primeira vez em 1985, em Juvenópolis, no Paraná. Na época Keno tinha 10 anos de idade e desde aquele dia sentiu-se parte do movimento.

Com 18 anos, Keno partiu para a militância em outros estados. Retornou ao Paraná 10 anos depois. É a sua mãe quem recorda: “Ele estava sempre disposto a ir para outros lugares, dizia que não podemos deixar as famílias passando fome”.

Como estamos no mês de outubro, e a morte de Che Guevara ressoa forte nos nossos corações, queremos lembrar uma canção sobre o Che, que avisava aos poderosos: “Vocês não mataram um homem mais, vocês mataram aos que duvidam que já é hora de lutar”.

História de luta

Valmir Mota de Oliveira tinha 34 anos e militava no MST desde os dezessete. Sua história com o MST é longa, seus pais moram no assentamento Ander Rodolfo Henrique, em Diamante do Oeste, Paraná.

Começou sua militância no Paraná, na década de 1990. Em 1994 foi para Brasília durante a marcha dos Cem Mil. Ajudou a organizar o Movimento em Brasília e Entorno. Os amigos daquela época lembram que era ele quem acalmava os companheiros nas horas de tensão.

É unanimidade entre todos os conhecidos que Valmir não tinha inimigos pessoais. Por outro lado, incomodava àqueles que tentavam atrapalhar o avanço de uma sociedade mais junta, igualitária e digna para todos.

Em 1998 se casou e é pai de dois filhos. Por acreditar na Reforma Agrária, na defesa do meio ambiente, na resistência da agricultura camponesa e na construção de uma sociedade mais justa, sem exploradores e explorados, já havia sido ameaçado de morte várias vezes pelo Presidente da Sociedade Rural de Região Oeste, Alessandro Meneguel e lideranças do agronegócio do Oeste do Paraná.

Neste domingo, 21 de outubro, as ameaças se cumpriram e Valmir foi executado por pistoleiros de uma milícia armada, com dois tiros no peito, no acampamento Terra Livre, na área de experimentos ilegal da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste.