Enquanto o governo silencia, jejum de Cappio continua

Completa hoje 11 dias desde o início do jejum de Dom Luiz Flávio Cappio, 61 anos, que protesta contra o projeto de transposição do Rio São Francisco. Desde a quarta-feira, Cappio tem sido ‘alimentado’ por soro caseiro, apresentando sinais de desidratação e anemia. Apesar do constante silêncio do governo federal sobre o caso, a solidariedade ao bispo cresce em todo país.

Ontem, dia 7, frei Cappio recebeu a visita de mais três bispos da Bahia e caravanas de outras regiões. Pela manhã recebeu a visita dos bispos da diocese de Feira de Santana (BA), Itamar Viana, Rui Barbosa (BA), André de Witte, e Irecê (BA), Tomazzo Caccianele. Uma das presenças significativas foi das pessoas e os mais de dez padres da diocese de Barra, onde Dom Cappio mora. Eles começaram a chegar desde o final da semana passada e mantém uma espécie de revezamento para apoiar o ato.

Em recente declaração o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, chamou de “chantagem pela via da imolação”, o jejum do religioso. Enquanto isso o governo tem ignorado as manifestações de apoio e jejuns solidários que crescem em todo o país. Segundo notícia publicada hoje, dia7, no jornal o Estado de S. Paulo, o jejum do bispo já está incomodando boa parte do governo, que estaria iniciando “gestões junto à Igreja Católica para que ela convença o bispo de Barra (BA), frei Luís Flávio Cappio, a desistir da greve de fome”.

Ontem foram realizados atos em várias partes do país. Na Praça da Sé, em São Paulo, aconteceu um ato público organizado pelo Grito dos Excluídos. Pelo menos dez pessoas jejuaram em solidariedade ao frei e distribuíram material de divulgação sobre os reais beneficiados com o projeto de transposição. Também houve uma manifestação pelas ruas de Feira de Santana (BA) e cinco pessoas ligadas à Cese jejuaram durante o dia, em Salvador (BA).

Em Sobradinho, frei Cappio disse ontem que a “batalha” que trava contra o governo “será longa” e com final “imprevisível”. Afirmou que o apoio que está recebendo torna “irreversível” sua decisão de manter o jejum “até o fim”.