Investimentos no exterior e concentração de mercado

Da Radioagência NP O ano de 2007 foi marcado pelo aumento de investimentos brasileiros no exterior. Em relação a 2001, estas aplicações cresceram 121%, número que significa investimento de aproximadamente R$ 300 bilhões. Também se destacaram as fusões de instituições bancárias. Os negócios movimentaram quase R$ 120 bilhões. Os banqueiros apostam que a concentração de mercado em setores como o de telecomunicações, finanças, energia, bens de consumo, varejo, açúcar e álcool, construção civil e mineração, será um tendência em 2008.

Da Radioagência NP

O ano de 2007 foi marcado pelo aumento de investimentos brasileiros no exterior. Em relação a 2001, estas aplicações cresceram 121%, número que significa investimento de aproximadamente R$ 300 bilhões.

Também se destacaram as fusões de instituições bancárias. Os negócios movimentaram quase R$ 120 bilhões. Os banqueiros apostam que a concentração de mercado em setores como o de telecomunicações, finanças, energia, bens de consumo, varejo, açúcar e álcool, construção civil e mineração, será um tendência em 2008.

O professor de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves, afirma que o cenário não deve ser visto com euforia e, sim, como resultado de um processo de turbulência vivido no cenário interno e externo que fragiliza as empresas brasileiras e faz com que investidores prefiram o exterior para aplicar seu dinheiro.

Qual a causa desse processo de fusões e aumento de investimento do Brasil no exterior?

O que há de comum entre esses dois processos, mais o terceiro que é a concentração e centralização de capital são estratégias reativas frente ao aumento das incertezas críticas no cenário internacional e na economia brasileira.

E como você justifica essa postura dos bancos brasileiros?

Basicamente a questão central é a seguinte: quando nós olharmos o setor financeiro, que é um dos que se destacaram nesse processo de fusão e aquisição, o que nós observamos é que no ano passado e ainda esse ano, houve uma turbulência muito grande no sistema financeiro internacional, inclusive com crises em bolsas de valores, no mercado imobiliário americano e no sistema de crédito desse país. Esses fatores todos fragilizaram os bancos.

Esse processo explica um pouco o grande número de fusões de bancos que ocorreu ano passado?

Muitos grandes e importantes bancos como o Citi Bank o Credit Suisse e outros, têm mostrados agora em seus balanços prejuízos de dezenas de bilhões de dólares e, isso, atingiu um grande número de bancos. Então, fragilizados, o que esses bancos fizeram? Eles se envolveram em fusões, ou seja, bancos que estavam melhor posicionados acabaram comprando ou adquirindo participação acionária em bancos que se fragilizaram ano passado.

Quais as conseqüências desse processo, uma vez que muitas empresas estão nas mãos de poucos donos?

Na realidade isso é algo negativo, pois diminui a rivalidade nas economias nacionais e, portanto, na economia internacional. Os bancos para se protegerem, em vez de aumentar, eles diminuem a concorrência, assim consolidam-se posições de mercado e o poder econômico deles aumenta com essas fusões e aquisições. Esse é o objetivo, [gerar] menos concorrência para se proteger de um mercado mais volátil.

O que se deve fazer para que todo esse dinheiro investido lá fora, seja na realidade aplicado na economia brasileira?

Na verdade, o Brasil é uma “casa da mãe Joana“ do ponto de vista de fluxo internacionais de capitais. Você tem uma livre entrada e saída e é claro que você precisa ter uma estratégia. Para melhorar o estado da economia brasileira é preciso uma mudança de paradigma, ou seja, uma mudança política e econômica fundamental para o governo Lula. Observe que a saída de capitais brasileiros para o exterior novamente é uma estratégia desses investidores diversificar geograficamente essas aplicações de capital para fugir do risco Brasil. Como a economia brasileira é muito instável, as grandes empresas colocam o seu capital no exterior e isso aumentou muito nos últimos cinco anos.

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