Agricultor canadense volta a desafiar Monsanto

Da Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos

O agricultor canadense Percy Schmeiser ficou mundialmente famoso há alguns anos, quando enfrentou a gigante Monsanto na Justiça de seu país. Percy plantava canola convencional em sua fazenda e era conhecido em sua região por fazer, ele próprio, o melhoramento genético de suas sementes tradicionais.

A partir de 1995, o cultivo da canola transgênica Roudup Ready (resistente ao herbicida Roundup, assim como a soja transgênica da Monsanto) se espalhou rapidamente pelo Canadá. E como a canola é uma planta de polinização aberta (assim como o milho), é verdadeiramente impossível conter a contaminação dos campos de canola convencional pela canola transgênica plantada em propriedades próximas.

Percy teve suas lavouras contaminadas pela canola transgênica da Monsanto e foi processado pela empresa em US$ 400 mil, acusado de plantar as sementes transgênicas sem permissão (ou seja, sem pagar royalties). A briga judicial durou seis anos, período em que Percy viajou pelo mundo divulgando seu caso e recebeu apoio de milhares de pessoas e organizações de todo o planeta. Em 2004, a Justiça canadense deu ganho de causa à Monsanto, mas não obrigou Percy ao pagamento da multa, reconhecendo que ele não obteve nenhum lucro advindo da presença de plantas transgênicas em sua fazenda.

Percy está agora voltando aos tribunais para processar a Monsanto, desta vez numa ação na justiça local de Saskatchewan, Canadá. Os C$ 600 cobrados na ação referem-se aos custos que Percy e sua esposa tiveram para eliminar as diversas plantas de canola transgênica que estavam crescendo numa área que eles estavam preparando para a cultura da mostarda em 2005. Ele alega que estas plantas são poluidoras. A empresa negou o pagamento, ao menos que os Schmeiser concordassem em não falar mais sobre o caso.

Enquanto a Monsanto declara que o caso é específico e local, Percy alerta que o que está em jogo são milhões de dólares em compensação a agricultores que viram suas terras serem contaminados por material transgênico e o direito dos agricultores orgânicos e outros a produzir lavouras livres de transgênicos. “Se ganharmos, isto poderá custar à Monsanto milhões e milhões de dólares mundo afora”, conclui.