Marcada pela impunidade, Chacina de Unaí completa 4 anos

Com informações da página do Sinait

Nesta segunda-feira (28/01), a chacina de Unaí (MG) completa quatro anos. João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, Nelson José da Silva, auditores fiscais, e Ailton Pereira de Oliveira, motorista, foram assassinados com tiros na cabeça quando fiscalizavam fazendas da região. Os funcionários do Ministério do Trabalho e Emprego investigavam denúncias de trabalho escravo e estavam sob ameaça de morte.

Em julho de 2004, a Polícia Federal indiciou nove pessoas por envolvimento no crime – entre elas os fazendeiros Norberto e Antério Mânica (este, atual prefeito de Unaí e um dos maiores produtores de feijão do país) – acusados de serem mandantes dos assassinatos. Contudo, até hoje nenhum deles foi a julgamento, apesar de há mais de três anos terem sido pronunciados pela Justiça para irem a júri popular, e quatro estão em liberdade (veja abaixo).

Em Brasília, os familiares das vítimas, o Sindicato dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e a Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais (AAFIT/MG) realizam um ato público durante a tarde, em protesto contra a impunidade dos envolvidos no assassinato e a lentidão do Poder Judiciário. Além disso, deverão entregar um abaixo-assinado às autoridades, exigindo a punição imediata dos nove acusados.

Os acusados que estão em liberdade:

Antério Mânica – Considerado um dos maiores produtores de feijão do país, foi eleito prefeito de Unaí no dia 13 de outubro de 2004, 23 dias após sua prisão. Com isso, o suspeito de ser um dos mandantes do crime ganhou direito a foro privilegiado.

Norberto Mânica – Irmão de Antério, também é suspeito de ser um dos mandantes do crime. Está em liberdade desde 28 de novembro de 2006, beneficiado por habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

José Alberto Costa – O empresário é suspeito de intermediar a contratação dos pistoleiros. Está livre desde dezembro de 2004 por força de habeas corpus do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.

Hugo Alves Pimenta – Empresário, é acusado de ser um dos mandantes da execução dos fiscais. Deve R$ 2 milhões aos irmãos Mânica, alvos das fiscalizações dos auditores. Conseguiu habeas corpus no ano passado.