CNBS libera a comercialização de milho transgênico

Os ministros membros do CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança) decidiram nesta terça-feira a liberação das variedades de milho trangênico Liberty Link, da Bayer e MON 810, da Monsanto.

Esta foi a segunda tentativa de aprovar a comercialização destas duas variedades, que já haviam sido aprovadas pela CNTBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) no ano passado. Na última reunião do Conselho (29/01), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) posicionaram-se contra a liberação.

A Anvisa chegou a entregar um documento para o CNBS, afirmando que os dados apresentados sobre a variedade MON 810, da transnacional Monsanto, “não permitem concluir sobre a segurança de uso para consumo humano do milho MON 810”. Quanto ao milho da transnacional Bayer, o Liberty Link, o Ibama declarou que sua liberação deve ser anulada “em razão dos inúmeros vícios de que padece o processo”, entre eles, “a inexistência de estudos ambientais”.

Ontem (11/2), os movimentos que compõem a Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos, dentre eles a Via Campesina, reuniram-se com o secretário executivo do Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, pedindo uma posição do Ministério acerca da questão.

Foi entregue uma carta assinada por personalidades como o jurista Fábio Konder Comparato, o teólogo Leonardo Boff, artistas como Beth Carvalho e a atriz Dira Paes, João Pedro Stédile e o Governador do Paraná, Roberto Requião entre outras lideranças em que consideram que a “liberação da comercialização destas variedades de milho transgênico com tantos óbices, como apresentados pela Anvisa e pelo Ibama, representaria uma flagrante e inconstitucional sobreposição dos interesses econômicos das empresas interessadas nas liberações comerciais à saúde da população, à necessidade de proteção do meio ambiente e também dos interesses dos agricultores e consumidores que não querem plantar ou consumir alimentos transgênicos”.

Durante toda a tarde de hoje, os militantes da Via Campesina protestaram em frente ao Palácio do Planalto contra a liberação do grão transgênico.

Do ponto de vista da agricultura familiar camponesa, a liberação das variedades transgênicas pode significar o fim de um longo trabalho de conservação a campo de centenas de variedades de milho adaptadas a diferentes regiões, diferentes usos e cultivadas livremente pelos agricultores. Variedades que são, inclusive, base da estrutura alimentar no interior brasileiro.

A aprovação do milho transgênico também poderá comprometer ainda mais o problema da fome no país, já que sua produção será voltada majoritariamente para o setor ração animal e a agroindústria.